quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

ÁGORA, É AQUI - DEMOCRACIA É ISSO AI !

Mini-Teatro

Autor: João Paulo

Quadro 1: Preparando a Cena
Descrição cênica do quadro: Personagens entram na sala de aula, e vão falando o texto enquanto arrumam as carteiras, em circulo, ficando algumas no meio. Sob essas cadeiras do meio, elementos que remetem à Grécia antiga (pode ser objetos com volume, desenhos, gravuras, etc). O ideal seria uma “réplica” de um Monumento grego; em papel, e em tamanho expressivo.

Diálogos do Quadro

Personagem 1 (acentuando bem a acentuação)
Ágora, então é aqui....

Personagem 2
Ágora? Você não quer dizer agora ?

Personagem 1
Não, não. É Ágora, mesmo. Não estou me referindo há tempo, mas a local. Ágora era uma praça de Atenas.. Ela foi o berço da Democracia no mundo...
Personagem 3
Bom, mas olhando por outro lado, pode ser de tempo também, né. Porque, pelo visto, a tal da Democracia já é bem velhinha...
Personagem 1
A bem da verdade, data de algumas centenas de anos antes de Cristo...
Personagem 4 (fazendo o sinal da cruz)
Valei-me, Senhor. Deus é mais !
Personagem 5
Mas, Ágora, agora é agora, gente. Então, antigüidades à parte; vamos eleger, democraticamente, o nosso “Pai da Matéria”, literalmente.
Personagem 6
É, aquele que vai “reinar absoluto” como personagem principal.
Personagem 2
Reinar, não é de bom tom, no caso específico. Ele vai liderar o processo, digamos assim.
Personagem 3
O meu voto vai pro Um. Por mim, a partir de agora, Ágora é com ele, mesmo.
Personagem 2
Uai, mas na democracia o voto não é secreto?
Personagem 1
É, não é bem assim, generalizadamente. Mas, no nosso caso é; então aqui também vai ser. Voto secreto...
Personagem 3
Será que por intermédio de um Pai-de-Santo forte não vai ter Senador baiano querendo fraudar o painel?
Personagem 4
Bora então, gente, à nossa eleição. Urna e cédulas, por favor.
(Faz-se a votação, com cada um colocando o seu voto na Urna).
Personagem 1
E atenção para o Escrutínio...

Personagem 2
Escru, o que?
Persoangem 1 (ordenando ao 4)
Bora, pra frente !
Personagem 4 (Contando os votos)
Um; um voto. Um; dois votos. Um; três votos. Um; quatro votos. Um; cinco votos. Um; seis votos.
Personagem 3
Caracas. Nunca na história desse país alguém se elegeu assim, com todos os votos...Unanimidade total !
Personagem 6 (rindo)
É, mas é bom a gente não esquecer Nelson Rodrigues. Segundo ele, toda unanimidade é burra.
Personagem 1
Bom, diante dessa avalanche de votos, não me resta alternativa, a não ser assumir o papel. Portanto, eu prometo (já que não tive tempo de prometer na campanha): eu serei o “Democracildo” da esquete.
Personagem 5
Democracildo... Hum, isso me lembra “cacildário”....
Personagem 6
Cacildes !
Personagem 4 (rindo)
Epa, aí já é o Mussum. E não o Senador...
(Corte: Desce Luz em Preparação – Sobe Luz em Quadro 2 – Democracia em Cena)


Quadro 2: DEMOCRACIA EM CENA
Descrição cênica do quadro: O Cenário passa a idéia de um Plenário, na mesa principal Democarcildo, com um figurino misto de Aristóteles e José Sarney. Os outros personagens ficam no “Plenário”; sentados.

Democracildo (Filosofando a La Aristóteles, mas com trejeitos e sotaque de José Sarney).)
Já dizia Aristóteles, ao classificar as formas de Governo: Democracia é a pior das formas boas. Porém, é a melhor entre as variedades más!
Personagem 4 (rindo, e virando-se para a “platéia”)
Abriram as portas do inferno; quer dizer, do Senado... Não demora muito e vai ter merchan de “Marimbodos de Fogo” !
Personagem 3
Ué, por que? O tema não é futebol e, até onde eu sei, o Milton Neves não tem nada a ver com o Maranhão.
Personagem 4
Muito menos com a Academia Brasileira de Letras...
Democracildo (metendo bronca)
Parou geral! Olha o “Decoro Parlamentar”, gente. Cada um, agora, representando o seu papel. Eu disse agora. E não Ágora, viu!
Personagem 2 (virando-se para o público)
Se nem me explicaram o que era o tal do Escru, não sei o que, magina se vou perguntar agora, ou ágora, sei lá, o que é Democracia? Então vou de Tiririca: quando eu aprender, eu digo pra todo mundo.
Personagem 5
Demo...

Personagem 4 (intervindo, e fazendo o sinal da Cruz)
Valei-me, Senhor. Deus é mais. Cruz credo !
Personagem 5
Calma, mulher. Demo, quer dizer Povo, e Kracia, quer dizer Governo. Logo, Democracia quer dizer Governo do Povo.
Personagem 3
Há, na atualidade, diversas formas de Democracia. Porém, prevalecem, com mais ênfase, a direta e a indireta.
Personagem 2
Na democracia direta, o povo pode decidir diretamente sobre assuntos políticos ou administrativos de sua Cidade, do seu Estado ou do seu País. Não existem intermediários, tipo assim deputados, senadores, vereadores...
Personagem 4
Ô maravilha...Benza a Deus !
Personagem 3
É, mas no Brasil, essa não dá, não. É muita gente pra votar. Lá na Grécia era moleza. Era só dez por cento da população que tinha direito a voto. E, pelo visto só tinha Atenas, né. Então, era só meter todo mundo dentro do “Silveirão” deles.
Personagem 4
Você quer dizer, Panteão?
Personagem 3
É por ai....

Personagem 6
Na democracia indireta, o povo também participa, porém através do voto, elegendo seus representantes (deputados, senadores, vereadores). Esta forma também é conhecida como democracia representativa.
Personagem 2 (indo ao encontro da platéia)
Ô psiti ! Quebrando o script. Então por que a gente viu um monte de gente pedindo Diretas, Já? Se era pra ser Diretas, porque fizemos as indiretas ?
Personagem 4
É, tai. A nossa “Diretas, Já” viraram indiretas... E, agora ou ágora, sei lá, estamos sendo roubados indiretamente...
Democracildo (baixando o centralismo democrático)
Gente, picadeiro é pra comédia. Não vou permitir palhaçada aqui. Até o Biribinha já não faz mais circo. Agora é só Teatro Alfredo Sigwal, em Joaçaba. E o nosso papel aqui é outro. Portanto, sem comédia e sem drama, e muito menos palhaçada !
Personagem 4
É, gente. Palhaçada só em Brasília.
Personagem 2
Só, é? Você já assistiu, por acaso, uma Sessão da Câmara de Vereadores?
Personagem 4
Aff. Valei-me,Senhor. É a treva !
(Corte – Desce Luz em Democracia em Cena – Sob Luz em Tele-Aula Terceiro Grau).

Quadro 3: TELE AULA TERCEIRO GRAU
Descrição cênica do quadro: Uma TV de Papelão, com recorte onde seria o vídeo, por onde os personagens atuam.

Personagem 1
Antes do nosso horário eleitoral gratuito; umas tele-aulinhas de terceiro grau sobre essa senhora Democracia...
Personagem 2
A Democracia, como a conhecemos, tornou-se fortalecida no período das revoluções burguesas do século 18; da Revolução Francesa; e a Independência dos Estados Unidos.
Personagem 3
No período Jacobino, o voto já era universal.
Personagem 4
No Brasil, a Democracia é recente, e conturbada. De 1889 até aqui, foram alguns períodos de altos e baixos. As rupturas foram em 1922, 1930, 1937, 1945 e 1964.
(Corte – Desce Luz em Teleaula – Sob Luz em Congresso Nacional – Trilha sonora do Hino Nacional)
Democracildo (Agora a la Ulisses Guimarães, erguendo um exemplar da Constituição 88, e discursando).
Não é a Constituição perfeita. Se fosse perfeita não seria reformável. Ela própria, com humildade e realismo, admite ser remendada e emendada. Não é a Constituição perfeita, mas é útil; é pioneira; desbravadora. Será a luz, ainda que de lamparina, na noite dos desgraçados. Mudar para vencer. Muda Brasil !

Todos

Viva. Viva a Democracia !
Democracildo (desencarnando o personagem Ulisses, e virando-se para o personagem 2)
Ah, finalmente pra esclarecer o seu Escrutínio: Embora muitas vezes utilizados como sinônimos, voto, escrutínio e sufrágio possuem significados diferentes. Sufrágio é o direito de votar e de ser votado; Voto é a forma de exercer o direito ao sufrágio; e Escrutínio é a forma como se pratica o voto.

Todos
(Aplausos finais)

Um comentário:

  1. Mini-Peça Teatral escrita para um grupo de acadêmicos de Direito, da UNOESC-Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus-Videira.

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