sexta-feira, 3 de abril de 2009

BOCÓ POR BOCÓ, FICO COM O BOCÓ DE CASA QUE É MELHOR.

Eu acho muito engraçado essa história de “mercado”. “Ele”, do alto de sua sapiência, tem a eloqüência de prever crise. E não falta, jamais, quem logo avise aos jornais. E dá-lhe reprise. A notícia, com toda a malícia, é transformada em manchete, e nos remete a um bocó qualquer de plantão, que de antemão tem interesse maior: aquele do quanto pior; melhor. E os jornalistas, bocós metidos a intelectualistas, e desatentos, saem a propagar a “informação” aos quatro ventos, porque os bocós leitores não sambem que não existem mais do que cinco “agências noticiosas” para de formas maldosas, abastecerem o mundo-trono, e todas de um só dono: o Jacó,um “judeu branco de olhos azuis”, esperto que sabe que o mundo ta cheio de bocó. Jesus !

O último “surto” do “mercado” foi chamado de “marolinha”, e a bem da verdade, com toda propriedade pelo Bocó nosso da terrinha. O bocó caseiro, bem matreiro, e a la mineiro, foi o primeiro a abrir os “olhos azuis” de outros bocós do mundo inteiro. Para dar dinheiro para o nada bocó banqueiro, o patrício-mór, mais que ligeiro, e antes que o bocó do Obama fosse ungido, assaltou do cofre falido bilhões sem fundos, e como diz o Requião, “apenas pintados de verde-imundos) e fez a festa dos “acionistas” de ficção.

Credo em cruz, como são otários esses americanos. Há anos são iludidos por meia dúzia de judeus espertos de “olhos azuis (o que é uma redundância, já que não há um que não tenha essa semelhança; não do azul dos olhos mas da esperteza da ganância). Agora, na hora que a hegemonia do domínio econômico-financeiro judeu sifu...deu-se a quebraria na esteira da eleição de um negro, bocó e de origem não-judia.

A maracutaia financeira sem fim funcionou, duramente a vida inteira, assim: o banco do “patrício” fazia um “sacrifício” de hipoteca que valia uma merreca de cem e a repassava para o “brimo” por cento e cinquenta para ele ganhar também nessa loteca. E nesse vai-e-vem de enganação e afronta, quando retornava a conta, a dívida já era de um milhão, após ter feito a grande viagem por meia dúzia de bancos dos “brimos” parceiros da picaretagem. E aí, começava de novo a malandragem da hipoteca fria, e os bocós das Bolsas dá-lhe comprar ação que não existia. Agora a realidade: os bocós da Nasdaq sofreram ataque do coração quando descobriram que, na verdade, eles nunca tiveram um tostão na maleta, e para se vingarem querem matar o planeta, com a bomba-atômica da crise de proveta. Mais ou menos como os americanos indecentes fizeram com os filhos do sol nascente.Os nihongos atacaram uma base militar (alvo legítimo a se atacar em uma guerra, no mar ou em terra, segundo Genebra). Aí, de quebra, os yankes disseram: aé, tá bom, amarelos, vamos em frente. E foram lá no Nihon e jogaram de uma só vez duas bombas cogumelos, matando uma legião de japonês inocentes. Quase setenta anos após o tormento da atrocidade do ato desumano e barbaresco, nós não lemos uma notícia sequer sobre julgamento de um americano por crime contra a humanidade. É, mano, Nuremberg “no dos outros” é refresco !

Ah, e que não me venham com esse papo de racismo ou anti-semitismo, não. Porque a ladainha desse sermão só tem contribuído para calar mais na cruz o bocó oprimido, deixando encoberto os bônus dos sofridos ônus dos bocós planetários, desde os tempos dos espertos “olhos azuis” dos templários.

MAIORIDADE PENAL: NO STF O JUIZO FINAL

Como a maioria da população, que vê, na televisão, e lê, bem pouco, no jornal, a discussão sobre a “maioridade penal”, sou também um leigo, meigo, juridicamente falando; o que não quer dizer que sou otário, como se diz no berçário dos marginais, em nome dos quais as nossas “autoridades”, poços de honestidades, estão propondo mudanças para reduzir a idade penal.

Bagagem sobre o tema pra mim não é problema, mesmo com a falta de erudição, e a minha aprendizagem, o que é uma vantagem, vem da vivência, e da experiência da saturação, de tanta imagem, reportagem e malandragem nos meio de comunicação. E a motivação da abordagem foi uma indagação que me foi feita por um jurista, que abordaria, naquele dia, o assunto em um programa de televisão. E a pergunta principal era se sou contra ou a favor da redução da idade penal. Como não era o momento, e não havia tempo a contento para lhe expor meu pensamento, até bem contextualizado, modestamente, fiquei com a pauta em mente, e depois de ter assistido, atentamente, ao programa na tv, não resisti à tentação de, pelo menos, tentar responder, o que não foi respondido, por inquisidor e inquirido. E também por não ter lido, ou ouvido, algum posicionamento consistente, e contundentemente significativo, e que mereça valor, seja contra ou a favor, assinado por um jurista ou pelo órgão representativo. Aliás, digo mais: em se tratando de posição, contrária ou favorável, há na OAB, se a memória não me engana, uma leviana, inexplicável e temerária abundancia de ausência de opinião, o que quer dizer, na verdade, é que existe uma presença constante de omissão.

Os defensores da redução da idade penal, senhores da superficialidade legal, a justifica com argumento, que em qualquer julgamento, a bem da verdade, até o mais leigo dos leigos não encontraria dificuldade para derrubar o intento. Os que defendem a idéia, difundem a panacéia de que essas ações já foram adotadas em quase todas as nações, e que o posicionamento nesse direcionamento evitaria que o menor fosse utilizado pelo crime organizado, e até estudo no Congresso Nacional já existe para ser aprovado. Para alterarem a inimputabilidade, prevista na Constituição, querem, então, criar uma especificidade para uma nova legitimidade, em que o menor possa, sim, ser julgado e enquadrado em um limite menor de idade. Aliás, santa e providencial lembrança constitucional, que tem aval dos nobres, valorosos e atentos Senadores e Deputados, defensores declarados dessas iniciativas. Só que se esquecem de alguns dados, por muitos deles votados em recentes passados: as limitações das cláusulas impeditivas. São aquelas que têm um nome solene, que nem vou arriscar aqui a escrever, porque não vou saber, e aí a gozação hiberna. (ah, lembrei! Cláusulas Pétreas, tipo assim coisa perene, para sempre, eterna). Mas que, em resumo, é supra sumo do Artigo 60, (ah, agora me agüenta), que tem quatro tópicos essenciais: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos poderes; e os direitos e garantias individuais.

Essas essências legais, jamais admitem, sequer, referências a atos inconstitucionais; logo ou se rasga a Constituição, ou então, cria-se uma nova, e nela desova a ninhada da mudança, e dá-lhe cadeia até mesmo para criança, mas se tendo na mente bem clara uma lembrança: o arrependimento é a arma da vingança.

A discussão, em si, encerra-se aqui, mas é bom lembrar, só pra refrescar, e esquecer a preguiça, que é moda: a ONU já inventou a roda. Pesquisa, antiga, abriga prova que comprova que raríssimas são as nações, cujas Constituições deixam como heranças tais tristes legados para as suas crianças. Os que assim agem, retroagem à idade média; uma tragédia humana dos tempos modernos, só encontrada em infernos na terra, como Índia, Marrocos, Haiti, Estados Unidos e Inglaterra. Sim, os dois mais “civilizados” do mundo também cometem o imundo desrespeito ao direito, não só das crianças; mas de todos que têm desesperanças e desenganos, como os imigrantes; em especial os árabes mulçumanos, (se é que existe algum árabe que não o seja).

Ah, e para complementar, e contextualizar com dados reconhecidos internacionalmente, portanto, competente: a ONU diz textualmente que apenas 11 por cento dos crimes, em todo o mundo, são oriundos da juventude, e que aqui no nosso quintal, essa atitude tem a média de 10 por cento, ou seja, dentro do padrão mundial, e com um detalhe a mais, de que as condições, materiais e sociais, que os americanos e os ingleses dão às suas crianças, não têm as mínimas semelhanças com as da nossa nação, e que no Japão, (que desalento!) onde não falta atenção, material e social, o índice criminal das crianças é de 42 por cento.

JOAÇABA, TUPI OUR NOT TUPI ?

Em atendimento aos vários questionamentos que por email me foram enviados, motivados pelo dilema Joaçaba, (de que a versão do nome, na verdade, está errada), resolvi dar uma retomada ao tema, mesmo que seja para continuar o problema. E, inicialmente, registro, parcialmente, o que me disse um leitor, num tom meio gozador: “Tá bom, Yury Rom, após mais ded 90 anos, você quer desfazer os enganos? No mês do aniversário da gente, isso é presente de grego, não? E se o nome não é Tupi, é o que, então, diz ai, vivente? “

Pois é, se é presente de grego eu não sei, e nem sei de onde veio essa invenção, mas Tupi, com certeza, não é não, e nem Nheengatu, o chamado Tupi moderno, dialeto fraterno e predileto dos missionários, visionários da evangelização para facilitar-lhes a comunicação.

Para ajudar quem não tem lá muita vontade, ou intimidade com o dicionário e a Internet (a atual grande vedete do atalho da velocidade), vou resumir a Wikipédia, a enciclopédia virtual da facilidade.

O Tupi, apesar de distinto, é um idioma extinto, assim como o latim, e a sua rica gramática, bastante emblemática,foi muito estudada pelo jesuíta tupiniquim, que fez dela entretenimento, já que não tinha muito o que fazer por aqui à época do descobrimento. Além de estudar o Tupi, o jesuíta facilita a comunicação, com formas de expressões mais intimistas, e cria as línguas Nheengatu e a Geral dos Sertões Paulistas.

A língua Tupi, em parte, é uma arte, constituída de raízes, com uma ou duas sílabas matrizes, e assim, portanto, ela encanta, já que CAA é mato, é planta; SOO é animal, (aliás, um capricho, já que em qualquer língua ZOO ou SOO é bicho); Y é água; Sy é (mãe); Aba é (homem); Yby é (Terra,); Oca é (Casa); Ita é (Pedra); Ruba é (Pai) e por aí vai.

O Tupi antigo é um idioma aglutinante, interessante, e não possui artigo (assim como o Latim). A língua não flexiona, em termos gerais, e tem cerca de trinta e um fonemas, doze vogais, dezesseis consoantes e três semi-vogais; e uma de suas características mais marcantes são seus ricos aspectos guturais.

Alguém quer saber mais? Faz assim: não liga pra mim, e vá de uma vez a fonte, um horizonte com mais etiqueta, que é o Dicionário de Tupi-Português, do padre José Anchieta.

TRAUMAS DE PACIENTES SÃO OSSOS DO OFÍCIO

A população da região, em geral a pobre, é claro, já está quase na UTI do atendimento médico-hospitalar, o que é muito grave. E o entrave, ao que parece, é mal generalizado e já quase sem cura, e disseminado em várias especialidades existentes, a julgar pelas reclamações dos, de fato, pacientes.

O termômetro que mede a temperatura, acumula queda brusca e ofusca a cura do mal, que estaria mais na ineficiência do quadro profissional do que, propriamente, na estrutura operacional, o que já configura uma emergência. E a bula confidencia sintomas automáticos: o calo maior está na ortopedia, área em que não são raros os casos sempre traumáticos. A maioria dos atendimentos é emergencial, feita sob grande pressão emocional e, muitas vezes, trata-se de acidentados, o que deixa vítimas, enfermeiras e os médicos, atordoados. Nessa condição, então, qualquer desatenção pela equipe de plantão, pode ser, erroneamente, vista como um atendimento não eficiente, e desagradar familiares e paciente.

A outra grande agonia é a Pediatria, onde há sérios dilemas, com situações extremas de gravidade, aumentando a diversidade de problemas enfrentados no dia-a-dia, por médicos e enfermeiras, o que os deixam à beira de um precipício, e o cumprimento do ofício torna-se um martírio, uma espécie de delírio coletivo que destrói o senso afetivo, tornando-os insensíveis diante da dor alheia, o que semeia insatisfações visíveis nessas situações.

Essas observações têm por base as constantes reclamações dos reféns do sistema público de saúde, que a cada dia mais desilude os pacientes, com ações incoerentes e desagradáveis, detestáveis e negligentes, já que o alto grau de insatisfação da clientela revela que o mal tem profundas raízes, matizes de uma histórica negligência, aliada a uma retórica incompetência generalizada.

A melhor medicação para a solução dessa realidade, como prevenção e necessidade, é o divã de um analista de qualidade, especialista em relações humanas, porque as ações desumanas grassam pelos corredores dos hospitais, com médicos e enfermeiros mais parecendo abatedores em plena atividade.

Linguismo (antes da nova ortografia....)

Anglicismos, galicismos ou quaisquer "ismos" (até radicalismos, e outros abismos) não afligem a minha refeição de letrinha, por causa da origem da minha educação, que de berço já me deu uma mão. Então, sem qualquer espanto, me encanto com o mouse todo dia, pra dar bonjour, com alegria; e na hora de restartar, ligo o abajur da fantasia, e deleto da memória o que for off na história.

Nada contra, portando, aos tantos “ismos” abrasileirados, e que estão por aí espalhados, e os que também, tão bem, foram adaptados, ou mantiveram a sua originalidade, com ou sem tradução dos lingüistas de plantão. Pra mim tanto faz, ainda mais que, em qualquer que seja a singularidade, tenho uma tremenda dificuldade para escrevê-los corretamente, embora que, ultimamente, os meus acertos tenham sido mais freqüentes. Os coquetéis, há muito estão resolvidos, em que pese existirem os fiéis que preferem escrever Cocktails. Mas, aí já é demais, se bem que é até preferível encará-lo, do que optar pelo preto básico só pra tomar rabo de galo. É dose, assim também não. Logo, que fiquem com o galicismo da expressão.

Na linguagem livre há que se ter um certo tempero, embora, às vezes, contemplo algum exagero, como delivery, por exemplo. Para as pessoas que usam tal expressão tenho, de ante-mão, um diagnóstico: eles acreditam que “entrega em domicílio” é pernóstico. Então, não se trata de anglicismo ou galicismo, mas de puro modismo do falar, já que seria muito mais agradável apenas “entregar as compras em seu lar”.

Quer outra fluente expressão que incomoda, mas que entrou, literalmente, na onda da moda? Sale para a surrada promoção. Assim a loja não inova; enoja, e por certo não desova o produto da liquidação. Imagine e filosofe: as vitrines cobertas com papel de embrulho, e lá dentro um monte de bagulho com preços em off. É um horror, o maior terror na visão do cão; e todos, claro, preferem o velho e tradicional balcão. Não é por nada, não, mas a gente pensa que o tal do off é o mesmo dos aparelhos de gravação, e que a loja, na verdade, está desligada. Estabelecimento fechado não vende, e o lojista que não entende que as tais expressões toscas estão deixando sua loja às moscas, reclama da freguesia e diz que a economia vai mal. Bem feito, porque desse jeito ele não ganha o freguês, a não ser que volte a escrever o bom e velho português, e dê um stop no inglês.

A FÉ ESTÁ A MÍNGUA E EU SEM PAPAS NA LÍNGUA.

O recente ato inaugural do Monumento Frei Bruno, em Joaçaba, acaba sendo oportuno para uma rápida reflexão, sobre o fato, e sua significação, material e espiritual, e o próprio significado da religião; talvez, já que o Papa Bento 16 foi embora, embora que para a Rádio Catarinense (emissora regional), no Momento da Prece, parece que ele ainda não chegou, sequer, ao papado; coitado. È que João Paulo II, mesmo já há tempo do outro lado do mundo, na rádio, continua no ar, a orar, firme e forte, mesmo depois de sua morte; e ao meio dia, todos os dias, na hora do louvor, quando os ponteiros unem-se para dar graças ao Senhor, Sua Santidade, com serenidade e amor, reza para toda a cidade, para crentes e ateus, e mata-nos a saudade do salvador João de Deus.


Depois de mais de três anos da avalanche da visita oficial, e do total desmanche do aparato papal, físico e espiritual, vou falar do Pontífice, utilizando-me de artífice que, evidente, vai deixar muito católico descontente, já que está na contra-mão da ladainha da louvação atual.

O Papa é alemão, e aí já está o primeiro senão; claro, não pela nação, com quem nosso país tem ótima relação, e, principalmente, a nossa região. Mas lá, os católicos não têm a hegemonia da religião, e Sua Santidade, pelo aval da obviedade, não deveria ter sido a santa primeira opção, na hora de liberar a fumacinha branca pela cumeeira da máter congregação.

Desde o “temos Santidade”, apressado e não convincente, o povo ficou meio desconfiado e descontente, e com a pergunta em mente: por que essa escolha, assim, tão urgente? Não é mais como antigamente, quando a gente ficava de prontidão, a espera da lentidão eclesiástica que, depois de alimentar a tradição fantástica, vinha com a esperada novidade, para a geral felicidade: Habemus Papa !

De rígido guardião da Inquisição a santo protetor da Salvação, Bento 16 é, talvez, a pura fé em contradição: antes, um fechado Inquisidor, terror dos teóricos da libertação, agora um deslumbrado Papa com o aplauso da multidão. Galileu e Leonardo, passado e apogeu: pra eles Cardeal Ratzinger não morreu; só o Papa nele nasceu.

A Igreja de Roma, há muito, não soma, ou seja: perde fiéis e inverte os papéis da multiplicação, e expõe os viéis da divisão do tamanho do rebanho da salvação. A concorrência avança e, com devoção e esperança, alcança o impensável: uma rentável multidão dos “sem religião”, ávida por uma nova pregação.

Os protestantes que antes não eram ameaça, agora são; e os católicos, apostólicos, tentam, em vão, reconquistar o perdido cristão, só que com o mesmo velho e surrado sermão: irmão, a igreja habita em você! Então, por que essa babilônica instalação, e não uma canônica pobre, mas nobre na sua missão? Pergunta o coitado pagão, sob luz de vela no rancho a beira-chão.

Mesmo sendo a católica maior nação, o Brasil pra santificação não tem vocação, ou lhe falta devoção. Frei Bruno, agora, é uma opção, e já tem até estátua para aguardar a canonização. Ele era um santo e tanto, e tem crentes por todos os cantos, em diversas localidades, já que, segundo dizem, Frei Bruno dominava a bicorporeidade, estando em lugares diferentes, simultaneamente. Mas, voltando à realidade: Quinhentos anos a espera de um santo; é um espanto. Imagina, então, se o catolicismo aqui não fosse tanto? Mas, tem nada, não. No returno do milênio deve surgir um novo Frei Galvão, que pode ser Bruno. Até lá, então !

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: UMA ILHA DE INCOÊRENCIA.

Os doutores da medicina do ensino superior tinham um remédio infalível para curar a dor crônica hospitalar do Santa Terezinha: doação. Com isso sangues novos se misturariam aos suores antigos dos fundadores e o velho paciente, doente, rejuvenesceria, e daria mais vida a tanta gente, carente.

Diante do quadro clínico (ou cínico?) e do diagnóstico, prognóstico da mais alta cátedra, fez-se a transfusão imediata, sem nenhuma rejeição. Na bula (ou gula?) a precisa prescrição: uma nova construção seria a salvação para assegurar a ampliação; uma espécie de aspirina da evolução. Imagina, Santa Salvação! Ainda mais que a ele seria incorporada a Escola de Medicina. Uma dádiva divina, e prova de que a missão de frei Edgar ainda germina, e um novo horizonte se descortina, independente ou não de crermos na fonte de sua doutrina.

Não deu, e fala agora o ateu: Santa Enrolação! Restaram a pagão e devoto apenas a foto da enganação, já que a Universidade, em sua incrédula ingenuidade de heresia, (ou sabedoria?) gastando milhares, comprou as ruínas hospitalares da ilha da fantasia. A obra em questão, e semi-acabada, esteve embargada por anos e anos, por descumprir a legislação, localizando-se, justamente, em região totalmente inadequada a esse tipo de construção, por tratar-se de área de preservação.

O futuro hospital universitário, portanto, poderá ser construído em local precário, o que não deixa de ser um erro primário, e muito temerário. E mais: a região, sensível à poluição, é espremida entre dois rios importantes, figurantes entre as constantes preocupações ambientais. Só por esses fatores, não precisaríamos ser doutores para fazermos um questionamento sobre a seriedade deste empreendimento da Universidade, já que, além de não ter capacidade de cumprir o compromisso com quem lhe fez a doação, de antemão não se ateve ao planejamento e direcionamento de seu próprio Conselho de Gestão, tantas vezes cantado e decantado em nome da organização, e tantas e tantas vezes totalmente descartado quando do surgimento de interesses de ocasião.

A atitude agora fica mais questionável, e inexplicável, já que baseada em outra área comprada, localizada, justamente, na região onde a instituição tem a sua Área de Saúde, pergunta-se: onde está a virtude? Empreendimento dessa magnitude causa estranhamento e desilude quem esperava discernimento de uma administração que gerencia os bens que pertencem à população.

O prédio comprado para ser transformado em Hospital, bem o mal, foi planejado para ser referência em cardiologia, e sua preferência e primazia seria para um atendimento particular e nobre, logo sem a obrigatória deferência ao atendimento à população mais pobre. Um Hospital Universitário, ao contrário, tem outro diferencial, que é atender pacientes do sistema único; universal. Isso significa dizer que, além de fazer um elevado investimento para comprar o empreendimento, numa região nobre da cidade, a Universidade terá que adequar a obra à sua finalidade, o que implica em “redesenhá-la”, na verdade, transformando os outrora previstos luxuosos apartamentos, em minúsculos “apertamentos” coletivos, para atendimentos massificados e não seletivos.


Não bastassem esses equívocos, inequívocos, há ainda outro fator negativo, e nocivo, a ser analisado: o Hospital ficará instalado aos fundos de um abatedouro, morredouro de suínos 24 horas por dia, e para tanto, eu até me espanto com tanta gritaria; de porco e de gente, e ainda mais, justamente, no período da noite, quando, ao que parece, aumenta o açoite por lá, e a porcada grita, e os funcionários idem, e os berros agridem até os ouvidos de Alah, que peca por essa herança, deixando por conta de Meca a salvação do inspetor da matança. Aliás, aqui faço meu próprio aparte, arte que junto pra falar de outro assunto: (a alta Direção da Perdigão deveria baixar a determinação de que os gerentes locais, jamais, morassem longe da empresa. Aí, com certeza, a tática do “tangimento” da manada mudaria da noite pro dia, já que nenhum deles dormiria com tamanho zoada).

Então, de antemão, sabe-se que o silêncio angelical, tão ensejado por médico e paciente, é evidente, não será um dos fortes do futuro Hospital. Mas esse, afinal, acredita-se, é o aspecto menos mal, diante de tanta malesa inicial dessa sórdida ilha de incoerência, filha pródiga da prepotência da administração da nossa pretensa mãe educacional.

A LIÇÃO DO SABER QUE AINDA NÃO APRENDEU A FAZER ESCOLA

Um despertar lento, mesmo para quem é observador atento das práticas sociais, educativas, culturais e educacionais. Como expectador privilegiado do universo do Carnaval, é natural o meu estranhamento quanto ao não aproveitamento, urgente, da torrente de saber e conhecimento, que jorra pelos leitos das quadras e dos barracões, onde as malesas, às vezes, parecem até que são frutos das tradições.

O Carnaval é um manancial inesgotável, portanto renovável, e diferente da escola regular, além de oferecer todo os elementos básicos do ensino curricular, oportuniza atratividades lúdicas que aliam prazer, lazer e convívio social e familiar.

O ensino regular e oficial da atualidade, já há tempo carente de novo referencial, sem uma perspectiva para um futuro melhor, se torna pior, na realidade. E ao não adotar as práticas propostas por Freire, para um salto significativo de qualidade, despreza conhecimentos passados de geração a geração, movidos pelos sentimentos de preservação das raízes, matizes da identidade que foram transplantadas com a fé dos terreiros de Candomblé, dos confins da África-Mãe, para as senzalas das escravidões, e dessas para as quadras e barracões. Assim, as escolas convencionais, tradicionais, deixam de aproveitar um inesgotável horizonte, fonte rentável para a ruptura de paradigmas, enigmas que podem representar novas graças na formação de jovens e crianças, esperanças, principalmente, para as áreas sociais de enorme pobreza, e onde, em geral, para a nossa tristeza, acontecem as maiores desgraças.

Há um certo descaso, e atraso oficial, para com as atividades das Escolas de Samba, e até mesmo as demandas sociais, as mais evidentes, não têm dotação nos orçamentos Municipais, o que não deixa de ser uma falha grave, e um entrave para a melhoria da educação. Essas atividades já ocorrem normalmente, e geralmente, com um sucesso natural; expresso no brilho das alegorias nos dias de Carnaval. Portanto, não precisaria tanto, e apenas uma melhor sistematização e organização por parte do Município, que a princípio, deveria ser o primeiro interessado em ter o Carnaval como forte aliado no enredo da Educação, porque, se não, viveremos sempre o grande medo, de continuar perdendo os jovens para a marginalização.

Como acontece nos centros de excelência do Carnaval, a tendência, também nas Escolas de Samba de Joaçaba, é se ter um celeiro de arte, parte essencial na pedagogia atual. O acesso, absorção e projeção dessa interdisciplinaridade já deveriam ser uma realidade da municipalidade, e da própria Universidade, com base em um processo que se entrelace, e cujo resultado ultrapasse a mesmice da atualidade.