terça-feira, 31 de março de 2009

SAMBÓDROMO, JOAÇABA















“A criação de um sambódromo vai tirar o brilho da festa...”

A frase, entre parênteses, acima, é literal, e de aval e autoria de um defensor da idéia de, um dia, eternizar o carnaval no centro da cidade, uma panacéia que, na verdade, convenhamos que, em plena sanidade, é, no mínimo, falta de visão macro urbanística, realística, ou carência cultural de política-administrativa plural, restritiva e desagradável; o que não deixa de ser lamentável.

É fantasia, eu diria, pensar que, promocional, e emocionalmente, a manutenção da folia no centro da cidade é uma alegoria atraente, como defendem, principalmente, algumas “celebridades”. Entre os integrantes das escolas de samba, que são, de fato, os bambas, e junto à própria população, não há sequer um senão, e já é consenso, e intenso, de que serão inevitáveis mudanças radicais, sob pena de, em caso contrário, surgirem sinais temerários para a realização dos carnavais. É prudente, e urgente, portanto, que Joaçaba siga, já não sem tempo, alguns exemplos registrados e aprovados em outras cidades do país, inclusive na matriz, onde o carnaval tornou-se vultoso reflexo, oneroso e complexo, do ponto de vista organizacional.

O Rio de Janeiro é o exemplo primeiro, como berço e semente, do que, atualmente, aqui se discute, e que repercute como mudança, e futura herança inevitável, explicável até do ponto de vista da segurança, dada a complexidade da cidade, cujo centro comercial jamais fora pensado pra ser palco de carnaval. Lá pelos idos dos anos 70, era diferente, e tratando-se, apenas, da semente do batuque que germinava, era louvável, e elogiável que a representação visual e sonora da nova arte fizesse parte do principal centro populacional, e para tanto quanto mais próximo dela pudesse estar o carnaval melhor seria a repercussão e, logicamente, mais fácil a cooptação daqueles que se empolgassem com as batidas ancestrais dos tambores, nos louvores do enredo embrião.

Passados quase 30 anos, desde os primeiros gritos e apitos de Mestre Tulíbio, que Deus o tenha; e das primeiras rodadas e gingadas da inesquecível Maria dos Prazeres, cuja bandeira, pioneira, e seus afazeres, também devem estar nos terreiros dos céus; não é mais possível e admissível tais realidades; cruas e nuas, numa cidade, cuja infelicidade, é ter uma topografia arredia, e extremamente complexa, que alia uma convexa capacidade de escassez de ruas. É, talvez, romântico, e até semântico, o cântico interesseiro de ser o primeiro a defender a festa exprimida, na Avenida, por entre frestas de prédios comerciais, na esperança de que isso possa lhes render dividendos promocionais, quando o certo é tomar iniciativas para se encontrar alternativas visando a transferência do evento, com urgência, para um local adequado, porque carnaval com espaço apertado, torna-se inviável, e corre o risco, lamentável, de tornar-se, de novo, passado.

Adereços lingüísticos à parte, há que se destacar que Joaçaba tem competência na arte, mesmo abusando, às vezes, da imprudência e, até, da paciência dos mortais, não só nos dias de carnavais. Mas, no caso, e não por acaso, a vítima é a folia, que mesmo transbordando a todos de alegria, deixa rastros preocupantes, não só aos astros das fantasias, mas a todos os habitantes; católicos ou protestantes, já que fora das cordas, e paralelo às apresentações das agremiações carnavalescas, há um elo de hordas barbarescas, que parecem flocos, amontoados em blocos de insanidade, deixando um triste legado à cidade, à cultura, à civilidade, à educação, e por que não, à própria hospitalidade.

domingo, 29 de março de 2009

A VOZ DO PASSADO, NO PRESENTE, ECOA O FUTURO


“A história oral de vida é uma histórica pública para os ouvidos, espécie de carnavalização onde desaparece a diferença entre atores e espectadores, ou seja, entre sujeito e objeto”. (Mikchail Bakhtin).

Uma das vozes do passado que ecoa pelos barracões, e que não deve jamais deixar de ser ouvida, pela raridade e riqueza histórica, e que contextualiza a evolução das escolas de samba, entre elas a Vale Samba, é a da Porta-Bandeira Maria dos Prazeres Oliveira.

Negra e Mãe-de-Santo, Dona Maria dos Prazeres foi Rainha de Bateria, Porta-Bandeira e Baiana da Escola de Samba Unidos do Herval, e o seu legado para o carnaval de desfile de escolas de samba é precioso.

O pai de Dona Maria dos Prazeres, Manoel de Oliveira Nunes, originário da Bahia, foi um dos precursores da cultura negra e carnavalesca na região do Vale do Rio do Peixe. O pai da Porta-Bandeira trabalhou alguns anos no Rio de Janeiro com um dos mais importantes personagens do carnaval carioca: o Pai-de-Santo Mano Elói.

Mano Eloi, que era compositor, músico e intérprete, fundou três escolas de samba no Rio de Janeiro: Prazer da Serrinha, Deixa Malhar e Vai Como Pode, as quais originaram, posteriormente, Portela e Império Serrano.

Quando deixou o Rio de Janeiro, Manoel de Oliveira fixou residência em Herval d`Oeste, onde montou, ainda na década de 30, o primeiro Terreiro de Candomblé, chamado Casa Nova Era, que mais tarde deu origem ao Clube dos Negros. Confira, a seguir o depoimento de Dona Maria dos Prazeres.

Olha, de quando eu era menina, e das lembranças do que meu pai falava, dos tempos da casa Nova Era, que era lá pros lados da Coxilha, subindo por uma trilha que saia da rua São Paulo, eu lembro de alguns personagens que ajudaram a construir uma história interessante. Entre eles eu posso citar o Saulo Sapateiro; um sapateiro, boêmio, e que gostava de samba. E ele até fazia uns versinhos. Um deles, que eu me lembro bem, dizia: Eu nunca sonhei, sempre trabalhei, e foi assim que eu quis. Eu sou sapateiro, não tenho dinheiro, mas eu sou feliz. (cantando)

Tinha também o Lazinho, que gostava muito de cantoria, e estava sempre com o inseparável amigo Altemar. O Altemar, que gostava de tocar tambor, era um negro muito místico e festeiro, e falava sempre num tal de “sincopado de aquarela” e “civilização do legado”, que eu sei lá o que era. Mas, era muito engraçado. ( rindo)

Outro que eu me lembro era o Seu Mazurek. Era um polaco, que trabalhava de mascate. Ele tava sempre com o pessoal da batucada, e era muito sorridente. Todo mundo gostava dele. Ele, que naquela época já tinha talão de cheque, pra se exibir, pra qualquer coisa ele dizia: Mazukek assina cheque....! (rindo)

O meu pai falava também do seu Dendê, que era Pai-de-Santo, mas eu tenho pouca lembrança dele. E do seu Javé, que era um “preto velho”, abugrado; meio negro,meio índio. Os dois também gostavam muito de batucada e de samba. E outros tantos, de outros tempos, como o coronel Chiruca, o Lilico Galvão, e o Jacaré de Bronze. O coronel Chiruca, que andava sempre por aí, e tinha amizade com o pessoal da polícia, às vezes avisava o Seu Javé quando ia ter uma batida policial lá pros lados do terreiro. Então, essas pessoas, mesmo em épocas diferentes, tiveram muitas ligações com a Vila Operária, com a Estação Ferroviária, com os Terreiros e com o Carnaval”.

Com base nesse trecho do depoimento de Dona Maria dos Prazeres (que é parte de uma longa conversa de mais de duas horas, por mim gravada há muitos anos atrás), eu fiz um samba de enredo, que fará parte do Dvd que estará encartado no livro Joaçaba, Samba. E Faz Escola. Desde 1934, a ser lançado em breve. A letra e a melodia foram criadas também há muitos anos atrás e, propositalmente, num estilo dos sambas de enredos antigos. Confira a letra, e também os áudios do depoimento e do samba.

(Entre a rua...)

Entre a rua São Paulo e a Coxilha há uma trilha ...de um legado do passado, que tinha o seu próprio enredo....sem ser segredo, mas muito reservado.

Ali.....a “Nova Era”, era um local de encantaria, onde a batucada rompia a madrugada no ofício da magia. (da magia...!) No louvor estava Lazinho ... E com ele Altemar a cantar.... Batendo com fé o tambor, fazendo o terreiro dançar.

Rito antigo.....templo novo, Povo de outra religião, Seu Torquato Mazurek, Sorridente assina o cheque, Depois da celebração.

(Refrão) (bis)

Recordei, pensei, O que eu sempre quis, Paulo Homem, sapateiro, Sem dinheiro, foi feliz! (mas foi..)

Foi no terreiro de Maria dos Prazeres, Que os afazeres ....foram traçados, Viram o desfilar da imponente.... “Civilização do Legado”. E a Estação do Trem agora era, Um imaginário transformado, O Bairro Operário prospera; Impera um mundo novo encantado: Um “sincopado de aquarela”, mostra o futuro revelando o seu passado.

(Refrão) (bis)

Eu fui ver de perto a história bem vivida, e vi aberta a trajetória de uma vida.

Até então pensar que Joaçaba, avizinhada de festas típicas alemãs e italianas, tinha carnaval de desfile de escola de samba era, até certo ponto, desconcertante. Mas, como o presente só tem lógica se houver um olhar para o passado, nesse caso ele também é imprescindível, pois fica evidente que a semente que fecundou o fruto das escolas de samba de Joaçaba foi plantada no distante passado dos tempos Contestados, já que foi pelos trilhos do trem de ferro que chegaram os primeiros iniciados no batuque, cooptados pelos primórdios e tímidos terreiros de Candomblé.

Muitos dos integrantes dos blocos carnavalescos mais recentes, dos anos 50 e 60, que se intitulam precursores das escolas de samba, não têm noção de que eles próprios já eram frutos de um embrião carnavalesco bem mais antigo, transplantado para a região do Vale do Rio do Peixe por uma corrente que tinha fortes elos com a essência dos ingredientes básicos do carnaval: batuque e candomblé.

Esta linha histórica, mesmo que tênue, que faz o elo entre o berço das escolas de samba, o Rio de Janeiro, e o Vale do Rio do Peixe, tem uma expressiva contribuição cultural para Joaçaba, da mesma forma como foi a comprovada ligação cultural das escolas de samba cariocas com as raízes afro-religiosas do recôncavo baiano, através dos descendentes de escravos que migraram para a cidade maravilhosa.

O carnaval de desfile de escolas de samba de Joaçaba, portanto, é fruto de um embrião antigo, transplantado para essas terras ainda nos anos trinta por descendentes afros, originários dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Santos e Bahia, e que vieram trabalhar na Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. As sementes plantadas por esses batuqueiros ancestrais vingaram e as nossas escolas são frutos que hoje já ostentam uma forte raiz.

A INVENÇÃO DA SINOPSE FEZ O SAMBA DANÇAR


“A primeira coisa que esculhambou o samba-enredo foi um negócio chamado sinopse, que é um produto do carnavalesco”. (Nelson Sargento, sambista)

A construção de um enredo de desfile de escola de samba nasce de uma idéia básica, e a partir dela algumas iniciativas são colocadas em práticas, a começar por uma pesquisa sobre o assunto nos mais diferentes aspectos e depois disso é hora de se fazer um resumo da história que se pretende contar.

Existem diversas formas para se apresentar uma sinopse com o objetivo de passar as informações desejadas para os primeiros grupos que vão desenvolver o enredo. Na Vale Samba, por exemplo, a opção, ultimamente, antes de se produzir o desenvolvimento do enredo, através de um memorial descritivo, é criar uma sinopse poética, a qual poderá, inclusive, ajudar muito os compositores lá na frente, na hora de comporem o samba.

A frase lapidar de Nelson Sargento, transcrita acima em negrito, foi garimpada por uma amiga jornalista, Rosana Pinto, ex-coordenadora técnica de carnaval da Liga das Escolas de Samba de São Paulo. Hoje em dia, entretanto, o conceito expresso por Nelson Sargento não faz mais sentido, mas a exemplo do que aconteceu com a Rosa, a observação me chamou a atenção, porque eu sou um “fazedor” de sinopse.

O samba-enredo hoje, na verdade, para o desencanto de tradicionalistas, não é mais o carro-chefe do desfile, perdendo o seu status para dezenas de outras “inventividades” que dão mais vida ao espetáculo, na visão do carnavalesco. Diante dessa realidade, e presas a um regulamento rígido, as escolas obrigam-se a seguir uma espécie de “mapa regulatório” para desenvolverem as suas apresentações, e para isso a sinopse é peça importante, e acaba prevalecendo até para a criação do samba de enredo.

Portanto, com o surgimento do desfile-espetáculo, iniciado com o advento da Sapucaí, e do fenômeno Joãozinho Trinta, o samba de enredo deixou de ser aquela bela poesia de cartola, que podia se arrastar sonoramente pela Avenida, para se tornar uma marcha, quase que tecno-eletrônica, que sai em desabalada carreira para que a escola possa cumprir as suas eternas juras ao Deus Cronos. E ai, às vezes, dá no que deu !

... E ASSIM FOI, NAÇÃO AZUL E BRANCA !

A Vale Samba fez do desfile, a festa dos seus trinta anos de Avenida. Um desfile grandioso para comemorar as três décadas da escola de samba com o maior número de títulos do carnaval de Joaçaba. Foi uma apresentação aguardada com tanta ansiedade pela torcida da Vale Samba que deixou os dirigentes e os componentes com a emoção à flor da pele. O clima na concentração dava mostras da importância contida no enredo “África, Velha Matriz: a Vale é Samba...É Raça.....É Raiz”, uma alusão à fundação da azul e branco, a partir da influência africana no Brasil, com ênfase para o samba.

Na concentração, a apreensão estava expressa no rosto de Luiz Dorini, o destaque da primeira alegoria da escola, içado por um guincho até o esplendor de seis metros de largura e sete metros de altura. Desfilantes corriam até os seus setores e procuravam os coordenadores, enquanto uns sorriam, outros dançavam, e outros tantos rezavam. No deslocamento dos carros, pressa e atenção, e todo cuidado. O que ainda foi pouco, pois os maiores chegaram até a enroscar em fios de energia e barreiras das ruas que ficaram estreitas. Houve danos, mínimos, mas preocupantes, é claro, mas nada que tirasse o brilho do espetáculo. Desde o lançamento do enredo, os objetivos maiores eram as pessoas e as artes E a arte deveria estar em primeiro lugar, e arte que não vibre com células humanas, não é arte. É cópia fria da natureza; é traição fotográfica. A remoção dos carros exigia extremo cuidado, mas o cuidado maior era com os desfilantes das alas e com os destaques, que subiam por escadas até o topo das alegorias. O burburinho causado pela presença do ator global Aílton Graça (o Jacaré da novela As Três Irmãs), fez muita gente deixar seus postos para fotografar ao lado da celebridade. Quando a escola estava toda posicionada, foi a vez do ator sair de seu setor. Ailton ajudou a distribuir bandeiras da escola para o público, que, a essa altura, já delirava com a expectativa e vibrava com a simpatia do ator.

Em poucos minutos, a Avenida do Samba, que até então tinha se esverdeado para receber a Aliança, que acabava de passar, transformou-se num imenso mar azul, e as bandeiras tremulavam da concentração à dispersão. O Presidente Carlos Alberto “Preto” de Pelegrin, no microfone oficial, iniciou o chamamento aos mais de dois mil integrantes da Vale Samba, com uma frase curta e empolgante: “Vamos com garra, meu povo”. A multidão foi ao delírio, e se o espetáculo terminasse naquele momento, já teria valido o ingresso pago. Quando os acordes do samba e as vozes dos puxadores anunciaram a chegada da “onda azul”, Jorge Zamoner, carnavalesco da escola há trinta anos, se recolheu solitário aos pés de São Jorge (o Pai Ogum), apresentado logo atrás da Comissão de Frente. Ali, em silêncio, e certamente com o pensamento voltado à sua mãe, que ele tanto teme que possa lhe faltar justamente em um carnaval, pediu bênção, chorou e fez preces com os olhos voltados aos céus. Logo em seguida, porém, quando todos já cantavam “bate forte bateria, a festa vai começar”, o carnavalesco e o presidente extravasavam a tensão, demonstrando nos gestos, belíssimos sorrisos e emocionantes reverências ao público, a grande alegria de comemorarem na Avenida trinta anos de história de carnaval.

Na Comissão de Frente, homens sob a forma de guardiões africanos representavam na coreografia de passos firmes a Aiyê, a terra, símbolo do princípio de tudo para os povos primitivos africanos. A primeira alegoria pedia passagem com Olorum, Deus dos deuses africanos. Na seqüência, baianas carregadas de simbologias, chamavam a atenção para as origens afro-baianas do samba. Alegoria e alas seguintes mostraram a natureza, flora e fauna da África. O primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, formado pelo dançarino, coreógrafo e professor Júlio Albeguini e pela dançaria e atriz Fernanda Zamoner, filha do carnavalesco, e que é Porta-Bandeira da escola desde criança, trajava fantasias luxuosas, e demonstrava total sincronia de movimentos. Os dois bailarinos, considerados um dos mais perfeitos pares de Mestre-Sala e Porta-Bandeira do Brasil, e que se apresentam juntos há nove anos, mereceram um “sem palavras” de uma das juradas do carnaval, nas observações das planilhas de julgamento, e nota dez de todos os quatro julgadores do quesito. Logo atrás do Casal, veio a Bateria, trajando as cores da escola, com os ritmistas simbolizando os Griôs (guerreiros e contadores de histórias) na mitologia africana. Com mais de cem componentes, sob o comando do Mestre César Farias, a Bateria detonou e fez o público explodir de emoção, e do começo ao fim do desfile, sem restrições, foi cooptando dez do corpo de jurados. Outras cinco Alas precederam a terceira Alegoria, onde um grupo de atores, do curso de artes cênicas da Universidade do Oeste de Santa Catarina, encenou, em passos e gestos, a travessia dos negros da liberdade à escravidão. A Alegoria seguinte, um tripé em forma de Totem, fez uma homenagem a uma das fundadoras, e representante maior dos negros dentro da escola: Dona Olívia dos Santos, que por muitos e muitos anos foi a Primeira Porta-Bandeira da Vale Samba, e hoje é destaque da Ala das Baianas. A quinta Alegoria mostrou elementos das diferentes manifestações, como o canto, a dança, a música, a religião e a culinária, legados dos descendentes de escravos. Na décima sétima Ala, destaque para as crianças, que se apresentaram como Filhos de Ghandi, uma alusão ao tradicional bloco do carnaval baiano. As Alas seguintes mostraram em coreografias, os ritmos que deram origem ao samba, como o maxixe, o lundu, a capoeira e o próprio samba, depois da projeção conquistada fora do Rio de Janeiro. E a atenção desse momento do desfile foi dirigida ao ator Aílton Graça, que deu show de ginga e carinho com a platéia. A sexta Alegoria lembrou nomes como Donga, Cartola e Pixinguinha, para exaltar o samba. A vigésima quarta e última Ala, foi a Velha Guarda, formada por alguns dos fundadores da escola, seguida por uma Alegoria que era uma composição tripla, destacando dos antigos carnavais de salão, com suas máscaras, confetes, serpentinas, pierrôs e colombinas, aos grandes desfiles das escolas de samba. A representação visual alegórica fez uma homenagem às escolas e a alguns personagens do candomblé e do carnaval do Vale do Rio do Peixe, como Mãe Pretinha, adepta do Tambor-de-Mina; Lazinho e Altemar, batuqueiros dos tempos do terreiro da Casa Nova Era; Dona Maria dos Prazeres, mãe-de-santo e porta-bandeira; Tupira, criador da primeira escola de samba de Herval d´Oeste; a Bando da Lua, e Mestre Tulíbio, pioneiro mestre de bateria do Vale do Rio do Peixe.

E, assim foi, Nação Azul e Branca. Ao final de sessenta e oito minutos, não restaram dúvidas: esse foi o melhor e maior aniversário da Vale Samba. E a vitória maior foi a emoção de se sentir tantas emoções.