segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

AMAZÕNIA: PRESERVAR É PRECISO !

Samba de Enredo
Autor: João Paulo Dantas

Essa história do enredo é um segredo,
De uma lenda diferente...
Que fez do seu próprio mundo,
Um ser fecundo e muito atraente.
Ali... a vida era,
Um ritual de alegria....
Onde a revoada rompia a madrugada,
Em rotineira sinfonia.

(Nas águas...)
Nas águas Curuanãs...
E com eles, Cunhatãs a cantar,
Colhendo Muiraquitãs,
Fazendo o Amazonas brilhar.
Piracema, lendas, mitos,
Ritos de outra dimensão...
Vitória Régia, Boitatá,
E a Iara a mergulhar,
Nas águas da imensidão.

Encantar, sonhar...Entoar o canto,
Despertar o manto da Preservação (bis)

(Mas foi...)
Foi bem antes da colonização,
Que os exploradores se aventuraram,
E exploraram essa opulenta “civilização do Eldorado”.
E na extração da nova Era,
O Seringal foi transformado,
Na Mata, no lugar da Tapera,
Surgiu um Palácio iluminado,
O Teatro em sonho de primavera,
Era o futuro relembrando o seu passado.

Caprichoso, Boi sabido, bem nascido,
O seu mugido é um batuque de tambor,
E o Contrário, adversário atrevido,
É Boi manhoso, Garantido, encantador.
“No Seringal, seringueiro, seringueira a seringar;
Chico Mendes da Floresta Rio-Mar” ! (bis

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

PRA QUANDO EU MORRER

Autor:
João Paulo Dantas

É, devemos encarar a fatalidade;
(de frente...).
O samba é uma Entidade,
(Vive para a eternidade...)
Sambista que morre é semente,
E o Show tem de continuar...
(Eternamente...)
Essa é a realidade !

MARIA DOS PRAZERES E SEUS NOVOS AFAZERES !

Refrão-Homenagem
Autor: João Paulo Dantas

“A bateria de Arcanjos e Serafins,
Não tem mais Harpas, nem Liras ou afins,
E agora se inspira em Surdos, Repiniques e Tamborins,
E a Via Celestial virou Avenida de Carnaval,
Para a Alegria Geral de Anjos e Querubins...!

BAIXOU A DESORDEM NO TERREIRO DA ORDEM DOS CARTÉIS. ACORDEM, BACHARÉIS !

Artigo
João Paulo Dantas


O país, matriz dos cartéis, tem três vezes mais bacharéis de direito, com “defeito” para exercerem a função, do que advogados exercendo a profissão, dado ao alto índice de reprovação do chamado “exame da ordem”, que é, na verdade, uma desordem total, e um belo de um imbróglio inconstitucional, mas, agora, legal, segundo o Supremo Tribunal.

Não bastasse tal sandice ilegal, a OAB, numa campanha nacional, tem conseguido, inclusive, e de formas inexplicáveis, a esquisitice de impedir o credenciamento de novos cursos, com recursos escusos, de abusos inaceitáveis. Caso aceitemos a OAB fazer a fiscalização da educação, a exceção estará configurada, e aí o estouro da boiada vai ser uma carnificina; o CRM vai querer “fiscalizar” a medicina, e com respaldo, e o saldo da inconseqüência vai ser a total ruína da coerência, e a completa e brutal chacina da livre concorrência.

A OAB está se achando juiz e julgando que tudo o que ela diz é correto, e tem até um projeto de ”Ranking” para Brasil, que é um decreto de que cada bacharel é um imbecil. A entidade, que baixa sem terreiro, se acha celeiro do saber absoluto e dona da razão, ao dizer, com sermão, se o cristão formado tem ou não atributo para exercer a profissão. O quesito salvo-conduto, um esquisito e astuto esquema, algema o candidato a advogado, e o coitado vira refém do amém de um regimento, onde o sofrimento é a tábua da salvação, já que para a ordem, a busca da qualidade está acima da legalidade, mas, na verdade, o estatuto do saber pouco importa, basta apenas que o candidato, de fato, reconheça que a Ordem é o cabrito cuidando da horta.

Nua e crua, a realidade tem o seu bem elaborado legado clientelista, uma vez que além da sua duvidosa constitucionalidade, a obrigatoriedade do exame é, na verdade, o vexame de um descarado domínio calculista de mercado, para o advogado devidamente credenciado, já que as elitistas Escolas de Advogacia, primazia da entidade dos juristas, não entram nas listas das penalidades, por obra e graça, certamente, da manobra eficiente das “sumidades” fisiologistas.

República das Aranhas

Mini-Teatro
Autor: João Paulo Dantas


(Antes de começar, conversas “off”)
Jornalista 1
(É, acho que vai ser tipo assim, uma coletiva de imprensa)
Jornalista 2
Mas, me disseram que será algo assim a la Machado de Assis.
(Entra o Assessor de Imprensa)
Assessor de Imprensa
Atenção, atenção, senhoras e senhores !
Como assessor de imprensa, eis que me fora dada, pelas canônicas araquinídeas, o dever de dar conhecimento a todos sobre a mais importante pesquisa cientifica dos últimos séculos, através dessa entrevista coletiva.

Jornalistas
Óhhhhhhhhhhhhh

Assessor de Imprensa
O nosso cônego AraKem, aqui, em carne e osso, acaba de construir para a nossa Sereníssima República o melhor sistema eleitoral dos séculos dos séculos dos séculos.

Jornalista 2
É Eco ?

Jornalista 3
Não, não. E nem gagueira. É reforço de semântica.

Assessor de Imprensa
Com as senhoras e com os senhores, cônego Arakem.

Arakem

Senhores jornalista! Apesar da Globo preferir noticiar a descoberta da linguagem fônica dos insetos, feita por um inglês; eu vos digo: eu aprendi o Aracnide, o idioma das aranhas. Mas, isso não é o objeto da minha entrevista, e nem tão pouco tenho a pretensão de ressalvar os direitos da ciência nacional, pois a minha obra é muito maior do que a possível descoberta inglesa.
Repórter 1
Dr. AraKem, a pesquisa do inglês está consolidada....

Repórter 2
É, Dr. Até a Veja já publicou.

AraKem
Fônica dos insetos é moleza. Idioma das aranhas, não é tão fácil aprender, mas é possível. Agora, eu pergunto, aos senhores jornalistas. E organizar um sistema pros bichinhos, heim? Pensa que é moleza? Pois então, foi isso que eu fiz, além de “aracnizar” com elas.

Repórter 4
O senhor quer nos dizer que, além de falar a língua das aranhas, o senhor organizou uma forma de governo aracnídeo ?

Arakem
Isso, meu rapaz. Isso mesmo, e com um sistema eleitoral. E precisava de algo diferente, já que muitos dos existentes pareciam-me bons, alguns excelentes, mas todos tinham contra si o existirem. Mas, optei pela forma a La Veneza, aquele dos sacos e bolas. Alguém já ouviu falar?

Jornalistas (todos)
Nãoooooooooooooo !

AraKem
Era o que eu imaginava. Bom, segundo Machado de Assis, “ele exclui os desvarios da paixão, os desazos da inépcia, o congresso da corrupção e da cobiça”... Mas não foi só por isso que o aceitei; tratando-se de um povo tão exímio na fiação de suas teias, o uso do saco eleitoral era de fácil adaptação, quase uma planta indígena.

Jornalista 4
E esse novo sistema tem nome?

AraKem
Sim, sim, tem. Sereníssima República.
Jornalistas (todos, repetem)
Sereníssima República!

AraKem
Não é nada fácil, é preciso uma paciência de Penélope. (essa vocês não conhecem, também, né?). Também já imaginava...

Jornalista, (todos)
(balançam a cabeça, negativamente)

AraKem
Pois bem. Desde que compreendeu que no ato eleitoral estava a base da vida pública, a jovem República aracnídia tratou de exercê-lo com a maior atenção. E o fabrico do saco foi uma ação nacional. Uma obra-prima; um processo eleitoral simples.

Jornalista 6
E o sistema funciona?

AraKem
A eleição fez-se a princípio com muita regularidade; mas, logo depois, um dos legisladores declarou que ela fora viciada, por terem entrado no saco duas bolas com o nome do mesmo candidato. Muda-se o formato do saco.

Jornalista 2
Qualquer semelhança com os votinhos nossos de antigamente, é mera coincidência...

AraKem
Aconteceu, porém, que na eleição seguinte, um candidato deixou de ser inscrito na competente bola, não se sabe se por descuido ou intenção do oficial público. Altera-se o formato do saco.

Jornalista
Que saco, heim !

AraKem
Não é nem preciso dizer que houve reclamações. Do partido retilíneo e do partido curvilíneo. Ah, explicando essas denominações: Como elas (as aranhas) são, principalmente, geômetras, é a geometria que as divide em política.
Umas entendem que a aranha deve fazer as teias com fios retos: é o partido retilíneo; outras pensam, ao contrário, que as teias devem ser trabalhadas com fios curvos: é o partido curvilíneo. Há, ainda, um terceiro partido, misto e central, com este postulado: as teias devem ser urdidas de fios retos e fios curvos: é o partido reto-curvilíneo; e finalmente, uma quarta divisão política, o partido anti-reto-curvilíneo, que propõe o uso de teias urdidas de ar, obra transparente e leve, em que não há linhas de espécie alguma.

Jornalista 3
Valei-me, senhor. Deus é mais !

AraKem
Para uns, a linha reta exprime os bons sentimentos, a justiça, e a probidade; ao passo que os sentimentos ruins ou inferiores, como a bajulação, a fraude, a deslealdade, e a perfídia, são perfeitamente curvos. Os adversários respondem que não; que a linha curva é a da virtude e do saber, porque é a expressão da modéstia e da humildade; ao contrário, e a ignorância, são retas, duramente retas.
O terceiro partido, menos anguloso, menos exclusivista, desbastou a exageração de uns e outros, combinou os contrastes, e proclamou a simultaneidade das linhas como a exata cópia do mundo físico e moral. O quarto limita-se a negar tudo.


Jornalista 4 (fazendo um comentário...)
Vai do DEM ao PSD, passando pelo PC do B...

Jornalista 5
Ou de Licurgo, na Esparta a Solón, em Atenas, passando por Sérvio Túlio, em Roma...

Jornalista 2
Nem Majoritária, nem Proporcional. É a caótica eleitoral.

AraKem
Aumenta saco, diminui saco. E haja saco pra tantas bolas. Mas, abusos, descuidos e lacunas tendem a desaparecer, e o restante terá igual destino, não inteiramente, pois a perfeição não é deste mundo. Pelo menos na medida e nos termos do conselho de um dos grandes sábios da minha república, Erasmus, (conhecem ?).

Jornalistas (todos)
Nãoooooooooooooo !

AraKem
Também já imaginava. Pena que, pelo curto espaço de tempo, sinto não poder proferir-vos integralmente, o seu último discurso, e somente resumi-lo: Encarregado de notificar a última resolução legislativa da Sereníssima República às dez damas incumbidas de urdir o saco eleitoral, Erasmus contou-lhes a fábula de Penélope, que fazia e desfazia a famosa teia, à espera do esposo Ulisses:

— Vós sois, disse Erasmus, a Penélope da nossa República; tendes a mesma castidade, paciência e talento. Refazei o saco, amigas minhas, refazei o saco, até que Ulisses, cansado de dar às penas, venha tomar entre nós o lugar que lhe cabe: a Sapiência.

Boa noite, e obrigado a todos!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A QUIMERA DA EVOLUÇÃO OPERA MILAGRE NA ERA DA DOAÇÃO

Samba de Enredo
Autores:
João Paulo Dantas
Éric Fanuel
Willian Navega



VIVER, SORRIR, AMAR.
HOJE A KIZOMBA NASCE PARA RENOVAR,
NOS BRAÇOS DA MITOLOGIA,
TRAZENDO A SOLIDARIEDADE PRA FOLIA

OLHAR PERFEITO, DIFERENTE, É O MOAI,
DE ONDE A CURA NÃO TEM REJEIÇÃO
E A MARAVILHA DA MULHER É IDEAL,
DIANA É MITO, É QUADRINHO, É CARNAVAL

DAS CURANDEIRAS, A PAIXÃO, PELA CULTURA; RELIGIÃO;
PULSA NO PEITO, O SOL...A CHAMA DA RAZÃO,
A LUA, DEUSA DA RESTAURAÇÃO !

UM GENE MOSTRA TUDO O QUE SOMOS;
NOSSA DOAÇÃO É VIDA, PROVA DE AMOR AO IRMÃO,
MINHA KIZOMBA É UM CORPO A BAILAR
E A BATERIA, MEU CORAÇÃO...
PULSA NO PEITO DE UM JEITO DIFERENTE
E LEVA EM FRENTE O MEU DIREITO DE CANTAR,
NUM SHOW DIVINO DE VISÃO E DE RAZÃO,
DE CARIDADE, DE VERDADE E DE EMOÇÃO.

KIZOMBA É RAÇA, É GRITO, É PAZ;
NO CARNAVAL EU QUERO MAIS...
NO QUESITO EMOÇÃO,
FAZER DO RITO UMA EVOLUÇÃO !

KIZOMBA DE FÉ !

Samba-Exaltação
Autor: João Paulo Dantas

A Kizomba é
Um Tesouro de Fé,
Com um Lago aos seus Pés,
(Em Elevação...!)
Que Deus a Ilumine e Proteja,
E que as Torres da Igreja,
Sejam Luzes de Inspiração.

Amarelo e Preto,
(De Berço é Minha Cor)
Nas Veias Permeiam,
Calor e Paixão,
Kizomba é, Amor,
A Voz do Coração !

Minha Bateria Chegou,
Kizomba Real Eu Sou....
(Sou.....Filha...)
Da Magia da Tradição,
(Revelação e Ousadia...),
Sou a Evolução Dessa Folia

JASC CONCÓRDIA - CHAMA DE PAZ

Jingle Promocional
Autor: João Paulo Dantas



Inspirado em Atenas,
Um Sonho Apenas nos Iluminou....
Chama Perene,
Simbólica Paz,
Que Hoje nos Traz,
Radiante Esplendor.

É a Chama Tenaz,
Luz que está Presente,
Simbólica Paz,
Paixão Vital,
Acesa Lembrança,
Atração Fatal...

Loc:
Jasc Concórdia – Chama de Paz !

PLANETA JASC

Jingle Promocional
Autor: João Paulo Dantas


No Rastro dos Astros do Esporte
Bate mais Forte a Emoção,
E a Chama que Emana do Abraço,
Abre o Espaço para a Imaginação.

Na Pira que Inspira a Conquista,
Está à Vista o Olímpico Ideal,
E no Pódio sem Ódio a Vitória,
Troféu e Glória do Sonho Real.


Loc. Planeta Jasc-Terra de Astros !

JASC SONHOS

Jingle Promocional
Autore: João Paulo Dantas



Venha vibrar com os amigos,
Neste clima de fraternidade,
Venha sentir Joaçaba
Entre o sonho e a realidade

Sonho que Arthur Schllesser,
Tirou lá do fundo do seu coração,
Jogos Abertos de Santa Catarina,
Viva essa grande emoção...

Encontro anual de gigantes,
Num abraço fraterno e cordial,
Evento eloqüente e importante,
Para o esporte nacional.

Viva essa grande emoção,
Sob a tocha que aquece e ilumina,
Jasc, Jogos Abertos de Santa Catarina,
Jasc, Jogos Abertos de Santa Catarina
Jasc, Jogos Abertos de Santa Catarina

ITA - DEUSA DA LUZ !

Jingle Promocional
Autor: João Paulo Dantas


Nesse Solo Abençoado,
Por Apollo Iluminado,
Zeus a Terra Clareou.

(Ôooooooou....)

Nasceu o Dia,
Magia,
Sublime Emoção,
Explosão de Alegria,
Divina Inspiração.
A Luz da Criação,
O Homem Copiou...!
(Ôôuuuu... Alquimia !)

Ita se Inspirou na Divindade,
E com Criatividade,
Das Águas fez Energia,
Essa Fonte que Irradia,
A Força da Eletricidade !

Das Profundezas do Chão,
A Natureza em Ebulição,
Faz Jorrar uma Riqueza...


É Ita, essa Cidade,
Onde a Felicidade,
É Fonte de Inspiração...
Uma Chama que Propaga,
Que Emana e não se Apaga,
E Ilumina a Criação.... !
Sendas das Veias da História,
Lendas das Teias da Memória,
Dos Tempos Ancestrais...
Virgens Ninfas em Cortejos,
Vertigens de Desejos,
De Deuses Imortais...

Refrão

Como a Deusa da Luz ...
Hoje Itá nos Seduz,
Com suas Águas Termais !
(Uma Arcádia de Fontes,
Montes, e Horizontes,
Belezas Naturais...)

ITA LUZ - FONTE DE INSPIRAÇÃO !

Samba de Enredo

Autor: João Paulo Dantas


Nas Entranhas do Vulcão,
A Estranha Eclosão,
Alterou o Infinito...
Fez-se Vulcano um Deus,
E a Força de Zeus,
Projetou esse Mito...

Esse Solo Abençoado,
Por Apollo Iluminado,
Já foi Terra de Tuãi...
Fez da Luz sua Energia,
(Que Conduz uma Magia...)
E hoje Brilha o Amanhã !

Das Profundezas do Chão,
A Natureza em Ebulição,
Fez Jorrar uma Riqueza...
Explosão de Alegria,
Emoção que Irradia,
A Primazia da Beleza !

(Refrão)

É Ita, essa Cidade,
Onde a Felicidade,
É Fonte de Inspiração...
Uma Chama que Propaga,
Que Emana e não se Apaga,
E Ilumina a Criação.... !

Sendas das Veias da História,
Lendas das Teias da Memória,
Dos Tempos Ancestrais...
Virgens Ninfas em Cortejos,
Vertigens de Desejos,
De Deuses e Mortais...

Refrão

Como uma Deusa da Luz,
Hoje Itá nos Seduz,
Com suas Águas Termais....
Uma Arcádia de Montes,
Fontes, e Horizontes,
(Belezas Naturais...!]

GAMBOA DO SAMBA !

Exaltação
Autor: João Paulo Dantas


"Valongo, Truque do Santo Cristo à Virtude que Descamba
na Gamboa, Misto de Jongo que Ressoa o Louvor da
Encantaria na Magnitude que Entoa o Batuque do
Tambor da Alegria, à Saúde do Bamba da
Folia na Magia da Fantasia da
Cidade do Samba..."

Amazônia !

Reflexão
Autor: João Paulo Dantas

"Amazônia !
Suas veias são sendas de cadeias de fendas ancestrais,
mananciais de infinitas oferendas de lendas e mitos nas
teias das aldeias emergentes, em ritos de legendas de
conflitos e contentas permanentes".

WEB JORNALISMO: PAPEL CIBERNÉTICO !

Artigo
João Paulo Dantas

Os discípulos de Tio San, sempre seguros das evoluções lógicas, descobrem o amanhã do que seriam os futuros sites, cujos byts hoje dominam e ensinam as novas gerações tecnológicas.

Ao estilo de façam como eu faço, o Times dá o primeiro passo, e em seguida os outros jornais também aderem ao Ciberespaço, em uma seqüência de revoluções pós Gutemberg, sem menestréis. E um novo império se ergue à base de linhas virtuais, e não mais com sólidos papéis.

Desde a primeira experiência, do que seria a essência das notícias computadorizadas, há quase quatro décadas passadas, o jornal deu o aval para essa nova ciência, que hoje é real e tornou a notícia virtual.

Na rede, que é uma parede invisível, e sem fim; é possível, sim, se ter excelência em notícia webjornalística, até com prevalência holística genial, o que, normalmente, é raridade no jornalismo convencional. E a automação da revolução “webnística” virtual, tornou realística a contra-mão da evolução jornalística atual: ficaram velhos o rádio, a televisão e o jornal. Menos mal, pois isso é um aval para quem digita e gravita por uma rede infinita, já que ela o possibilita ir além da velha escrita, neolítica e ancestral, do tempo parietal.

Portanto, do primário sinal, genes da antiguidade, que na China de T´sai Lun iluminou a humanidade, até ao encanto da interatividade do contexto atual “internértico”, o hipertexto é o virtual papel cibernético.

A BESTA-FERA TOTALITÁRIA !

Mini-Teatro
Autor: João Paulo

Quadro 1: Preparando a Cena
Descrição cênica do quadro: Personagens entram na sala de aula, e vão falando o texto enquanto arrumam as carteiras, em semi-circulo. Dentro do semi-círculo, uma cadeira, mais à frente, e outras três, mais atrás. Nas cadeiras do semi-circulo vão estar sete cadeiras (quatro ficarão vazias). Nas quatro cadeiras da frente estarão: réu, promotor, juiz e advogado de defesa. Os “jurados” usam figurino normal; juiz, promotor ou advogado, usam togas. O tempo de “construção” do cenário, deve ter o mesmo tempo dos diálogos, para os dois terminarem simultaneamente.
Diálogos do Quadro:
Personagem 1
E ai, pessoal !
Então, vamos de Teatro do Oprimido, mesmo?

Personagem 2
Não, Teatro do Oprimido, não. É dos “espremidos”. O “profe”, com esse trabalho, espremeu nossas cérebros. Aff !

Personagem 3 (rindo)
Tem “QI” esparramado pra tudo que é canto até agora...

Personagem 4
Tá, tai um “gancho” pra gente, pelo menos, tentar começar essa joça. Digaê, você que espremeu o teatro. Que raio é esse de teatro do oprimido?
Personagem 1 (rindo)
Eita, agora o melhor mesmo seria dizer como o Ratinho “borá pra frente; pula essa parte”. Mas, dado o meu alto grau zero de conhecimento dos mistérios da dramaturgia, vou tentar resumir essa bagaça. Porém, pra tanto, preciso do auxílio do QI que sobrou do esparramo geral. Com a palavra minha colega aqui, que tem mais neurônios pra decorar texto:

Colega
Sobrou pra loira! Tá, em resumo, essa história de Teatro do Oprimido, sobre o qual o colega não falou, segundo Augusto Boal, o pai da matéria, quer dizer, mais ou menos, o seguinte: “aquele que transforma as palavras em versos, transforma-se em poeta; aquele que transforma o barro em estátua, transforma-se em escultor; e ao transformar as relações sociais e humanas apresentadas em uma cena de teatro, transforma-se em cidadão”
Personagem 6
Porra, meu ! (todos riem, pelo menos né)

Personagem 2
Isso é o que eu gostaria de ser..

Todos (espantados)
Ahhhhhhhhhhhhhh!

Personagem 2
Calma, gente. Acho que vocês entenderam mal. Eu to dizendo que gostaria de ser esse personagem “seis”, que até agora só disse: Porra, meu !

Personagem 3 (rindo)
Ah, bom. Pensei que gostarias de ser o produto, em si.

Personagem 4
Bom, mas voltando às vacas magras. Ou melhor: recompondo a cena. Vamos usar, então, a técnica do Teatro do Oprimido, é isso?

Personagem 5
Olha, gente, é bastante complexa essa história de teatro do oprimido, mas dado ao tema proposto (Estado Totalitário), vamos ter que vender esse peixe pescando nesse poço profundo...

Personagem 2
Ave Maria !

Personagem 3
O que foi, “dois” ?

Personagem 2
Tá explicado agora porque o “cinco” não tinha falado ainda... Pensei que era esquecimento do autor. Mas, não. É que, dizem, que os mais inteligentes escutam mais, e falam menos.

Personagem 5
Ok, menos, Batista! Mas, só pra contextualizar, e pra não ficar conversa de doido com maluco em dia de festa das bruxas em manicômio.

Personagem 1
Aí, é a treva !

Personagem 5
Teatro do Oprimido é um método teatral que reúne Exercícios, Jogos e Técnicas Teatrais elaboradas pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal.

Personagem 2
Aí, é o Google !

Personagem 3
É Wikipédia, pura !

Personagem 4
Deixem o “cinco” exercitar sua sapiência, gente !

Personagem 5
Esse tal de Boal, figurinha carimbada dos anos sessenta e setenta, fazia teatro pras Ligas Camponesas, na época da Ditadura.

Colega
Ah, eu li sobre isso. Dizem que após um espetáculo, um camponês convidou o grupo dele para uma ação contra uns jagunços de uns fazendeiros, e eles pipocaram.

Personagem 5
Pois é. Ai, o Boal, que sacava rápido as coisas, pensou: estamos incentivando os sem terra a lutarem, e não lutamos. Então, algo precisa ser feito...E aí nasceu o teatro do Diálogo, e não o teatro do Monólogo.

Personagem 6 (rindo)
Então, o “profe” que nos aguarde...!

Corta (Desce Luz na Preparação da Cena; Sobe Luz no Tribunal )

Quadro 2 – Tribunal do Juri
Descrição Cênica do Quadro: Uma formação de “plenário”, como se fosse um Tribunal de Juri. Cadeiras para Juiz, Advogado, Promotor, Réu e Jurados (três, apenas).

Juiz:
Em conformidade com a Lei, damos por aberta essa Sessão do Tribunal do Juri. Que adentre o Réu; a Besta-Fera Totalitária...

Besta-Fera Totalitária:
Sou inocente, Excelência !

Juiz:
Cale-se ! Que adentrem o Promotor, o Advogado de Defesa e o Corpo de Jurados.
(Entram o Promotor, o Advogado e os Jurados. Só que, ao invés de sete, entram só três: o Cego, o Surdo e o Mudo)

Juiz:
Em julgamento, nessa sessão, a Besta-Fera Totalitária, pelos crimes que seguem: Poderes concentrados, não permitindo a prática da democracia; Restrição das garantias aos direitos individuais; Sistema judiciário e legislativo, às margens do poder; Uso da força militar como forma de repressão; Proibição de eleições; Censura e Controle dos meios de comunicação; e Propaganda de exaltação da Besta-Fera Totalitária.

Promotor:
Excelência, já há provas suficientes nos autos, e na história, para condenarmos, de antemão, a Besta-Fera Totalitária, sem maiores delongas.

Advogado:
Desculpem-nos, senhores. Há um equívoco aqui da Promotoria. Excelência, com vossa permissão, eu gostaria de discorrer, brevemente, sobre os benefícios de um governo dito totalitário; expressão essa com a qual, diga-se de passagem, não concordo.

Juiz:
Dr, por “questão de ordem”, e mesmo diante da clarividência do que aqui se vê, desses que se dizem, oficialmente, Conselho de Sentença, gostaria de, pelos menos, qualificá-los perante esse Tribunal, mesmo isso não sendo uma praxe forense.

Advogado:
Pois não, Excelência!

Surdo: (tampão nos ouvidos)
Apesar de ouvir muito bem, sou surdo por conveniência. Não ouço o clamor dos oprimidos e os pedidos de justiça dos injustiçados e explorados. E esse tampão, em muito me auxilia....

Cego: (Venda nos olhos)
Tenho dois olhos, que brilham e não são defeituosos. Uso, entretanto, esta venda para nada ver e nada testemunhar com o brilho dos meus olhos omissos....

Mudo (Tirando a mordaça)
Vejam ! Tenho boca, sim. Prefiro, no entanto, usar, deliberadamente, esta mordaça. Com ela não preciso denunciar injustiças, nem apontar soluções...

Juiz:
É, pelo que vejo, porém, de nada adiantaria chamarmos mais quatro jurados; se forem a exemplos desses que ai estão. Logo, proponho que todos os senhores, e o senhor, especialmente (indicando para a “platéia”, e de forma mais incisiva para o Professor), sejam o nosso verdadeiro Conselho de Sentença.

Advogado:
A Besta, digo, o meu cliente, senhoras e senhores, é totalmente inocente dessas acusações; senão, vejamos: Concentrar poder é assegurar benefícios para o povo, evitando-se ordens divergentes; Democracia só é bonita no papel, porque na hora do voto, é um Deus-nos-Acuda; é um Salve-se Quem Puder, é um Toma-Lá-Dá-Cá. Portanto, eleição não vale a pena; só desagrega. Garantias de Direitos Individuais? Pra que? Basta que seja garantida a vontade do governo, em nome de todos. Judiciário e Legislativo, pra que, também? Pra termos juízes vendendo sentença e deputados comprando voto? Não, não. É muito mais prático um só dizer o que tem que ser feito, e pronto. Censura e repressão? Nada mais justo. Pra que deixar esses aloprados da imprensa falando o que bem entendem? E um bando de Anarquistas, sem graças a Deus, infernizando a todos com badernas nas ruas? Polícia neles! Então, os chamados democratas só querem é uma boquinha do poder. E o que dizer dos anarquistas, então? Fala sério, né. Nunca, na história desse país, se soube que o anarquismo resolveu alguma coisa...Aliás, na verdade, nunca houve, sequer, uma experiência anarquista...

Promotor:
Alto, lá, Dr. Não vou vestir a carapuça de ignorante histórico, não. Ainda mais, no caso específico. Já que foi em Santa Catarina que ocorreu, de fato, talvez, a primeira experiência anarquista da história mundial. E, se vossa excelência não sabe, foi às margens da Bahia da Babitonga, em São Francisco do Sul. Eram as colônias do Falanstério do Saí, e a Colônia do Palmital.

Personagem 2 (abandonando o formalismo do ambiente forense, e se projetando mais pra fora da cena; retomando a descontração inicial, enquanto que juiz, promotor e advogado ficam “congelados”)

Eita, que agora o bicho pegou, vai sobrar pro Bakunin e o Tolstoi.

Personagem 3 (no mesmo tom, e também se projetando pra fora da cena formal).
Bakun, quem?????

Personagem 5
Mikhail Bakunin e Leon Tolstoi, dois propagadores do movimento anarquista mundo afora, com base nas idéias de Willian Godwin, "o primeiro a formular as concepções políticas e econômicas do anarquismo”.

Personagem 6
Eita, que o “cinco” é uma Wikipédia ambulante, de braço dado com o Google.

Juiz: (juiz, promotor e advogados se “descongelando”)
Muito bem, senhor Promotor. O assunto foge dos autos, mas é pertinente, até porque, o próprio anarquismo é uma das vítimas do totalitarismo. E a abordagem até contribui para consagrar a pena máxima para o totalitarismo, que por certo virá do Conselho de Sentença.

Promotor:
É verdade, excelência. Até porque a máxima do Anarquismo é acreditar no socialismo sem ditadura, defendendo a liberdade e a abolição do Estado. Aliás, por falar em Ditadura, foi a dita cuja aqui no Brasil que massacrou também o embrião do movimento anarquista nacional.

Advogado
Mas, excelência, retomando aos autos: aqui não há crime algum a ser julgado. E, em não havendo, peço a absolvição da Best..., digo, do meu cliente.

Corte (Desce Luz em Julgamento; Sobe Luz em Sentença)

Quadro 3 – Sentença Final
Descrição Cênica do Quadro: Juiz,levantando-se de sua cadeira, vai até o professor, e o conduz ao centro do “plenário”.

Juiz:
Nesse Tribunal, uma vez mais o Conselho de Sentença fez o seu julgamento. Antes, porém, da leitura da sentença final, esse juízo quer ouvir a confirmação dos malefícios do Totalitarismo, e a sua evolução histórica, e a versão de Estado, segundo os Anarquistas. Trinta segundos, para a abordagem do professor .......................mentor desse processo.

Personagem 1 (voltando a descontração inicial, se sobressai do grupo, dando um passo à frente, e virando-se para a platéia, diz:)

Aff ! Agora é o “Se vira nos trinta”. A vingança maligna de Augusto Boal...

Professor: (trinta segundos - Resume historicamente os regimes totalitários e anarquistas)

Juiz: (Voltando à sua cadeira)
Neste Tribunal, onde imperam a lei e a justiça, o Conselho de Sentença fez seu julgamento, e por unanimidade de votos, sopesada as provas, houve por bem condenar o réu à pena máxima: a decapitação da fera...

Coro (todos, abaixam a cabeça, inclusive o juiz, e falam o texto em tom de ladainha)
Aí dos que fazem do poder absoluto, o seu Deus, o seu Senhor; e bebem sem piedade o sangue do povo sofredor. Conduzido a juízo, num julgamento preciso, perderá o paraíso, que por muito tempo foi templo explorador. O poder só tem sentido, quando o clamor do oprimido é prontamente atendido contra as garras da opressão. Queremos só a justiça, queremos só a verdade, que a lei jamais seja omissa, venha a nós a Liberdade...Amém !
A BESTA-FERA TOTALITÁRIA
Criação: João Paulo

Pastor (alguém que sai do coro, já com “figurino de pastor”)
... e vi levantar-se do mar uma Besta, que tinha sete cabeças e dez cornos, e sobre os seus cornos dez diademas e sobre estes, nomes de blasfêmia...!

Música:
(Música cantada por todos, com auxílio de aparelho de som, enquanto o grupo vai recompondo as carteiras em seus respectivos lugares, desfazendo o “Tribunal do Juri”).

Quando um muro separa, uma ponte une... Se a vingança encara, o remorso pune...Você vem e me agarra, alguém vem e me solta... Você vai na marra, e um dia volta.. E se a força é sua, ela um dia é nossa... Olha o muro, olha a ponte, olha o dia de ontem chegando, que medo você tem de nós....Você corta um verso, eu escrevo outro...Você me prende vivo, eu escapo morto...De repente olha eu de novo, perturbando a paz, exigindo o troco... O muro caiu, olha a ponte da liberdade guardiã, no braço do Cristo horizonte, abraço do dia de amanhã, olha aí....


Fim !

ÁGORA, É AQUI - DEMOCRACIA É ISSO AI !

Mini-Teatro

Autor: João Paulo

Quadro 1: Preparando a Cena
Descrição cênica do quadro: Personagens entram na sala de aula, e vão falando o texto enquanto arrumam as carteiras, em circulo, ficando algumas no meio. Sob essas cadeiras do meio, elementos que remetem à Grécia antiga (pode ser objetos com volume, desenhos, gravuras, etc). O ideal seria uma “réplica” de um Monumento grego; em papel, e em tamanho expressivo.

Diálogos do Quadro

Personagem 1 (acentuando bem a acentuação)
Ágora, então é aqui....

Personagem 2
Ágora? Você não quer dizer agora ?

Personagem 1
Não, não. É Ágora, mesmo. Não estou me referindo há tempo, mas a local. Ágora era uma praça de Atenas.. Ela foi o berço da Democracia no mundo...
Personagem 3
Bom, mas olhando por outro lado, pode ser de tempo também, né. Porque, pelo visto, a tal da Democracia já é bem velhinha...
Personagem 1
A bem da verdade, data de algumas centenas de anos antes de Cristo...
Personagem 4 (fazendo o sinal da cruz)
Valei-me, Senhor. Deus é mais !
Personagem 5
Mas, Ágora, agora é agora, gente. Então, antigüidades à parte; vamos eleger, democraticamente, o nosso “Pai da Matéria”, literalmente.
Personagem 6
É, aquele que vai “reinar absoluto” como personagem principal.
Personagem 2
Reinar, não é de bom tom, no caso específico. Ele vai liderar o processo, digamos assim.
Personagem 3
O meu voto vai pro Um. Por mim, a partir de agora, Ágora é com ele, mesmo.
Personagem 2
Uai, mas na democracia o voto não é secreto?
Personagem 1
É, não é bem assim, generalizadamente. Mas, no nosso caso é; então aqui também vai ser. Voto secreto...
Personagem 3
Será que por intermédio de um Pai-de-Santo forte não vai ter Senador baiano querendo fraudar o painel?
Personagem 4
Bora então, gente, à nossa eleição. Urna e cédulas, por favor.
(Faz-se a votação, com cada um colocando o seu voto na Urna).
Personagem 1
E atenção para o Escrutínio...

Personagem 2
Escru, o que?
Persoangem 1 (ordenando ao 4)
Bora, pra frente !
Personagem 4 (Contando os votos)
Um; um voto. Um; dois votos. Um; três votos. Um; quatro votos. Um; cinco votos. Um; seis votos.
Personagem 3
Caracas. Nunca na história desse país alguém se elegeu assim, com todos os votos...Unanimidade total !
Personagem 6 (rindo)
É, mas é bom a gente não esquecer Nelson Rodrigues. Segundo ele, toda unanimidade é burra.
Personagem 1
Bom, diante dessa avalanche de votos, não me resta alternativa, a não ser assumir o papel. Portanto, eu prometo (já que não tive tempo de prometer na campanha): eu serei o “Democracildo” da esquete.
Personagem 5
Democracildo... Hum, isso me lembra “cacildário”....
Personagem 6
Cacildes !
Personagem 4 (rindo)
Epa, aí já é o Mussum. E não o Senador...
(Corte: Desce Luz em Preparação – Sobe Luz em Quadro 2 – Democracia em Cena)


Quadro 2: DEMOCRACIA EM CENA
Descrição cênica do quadro: O Cenário passa a idéia de um Plenário, na mesa principal Democarcildo, com um figurino misto de Aristóteles e José Sarney. Os outros personagens ficam no “Plenário”; sentados.

Democracildo (Filosofando a La Aristóteles, mas com trejeitos e sotaque de José Sarney).)
Já dizia Aristóteles, ao classificar as formas de Governo: Democracia é a pior das formas boas. Porém, é a melhor entre as variedades más!
Personagem 4 (rindo, e virando-se para a “platéia”)
Abriram as portas do inferno; quer dizer, do Senado... Não demora muito e vai ter merchan de “Marimbodos de Fogo” !
Personagem 3
Ué, por que? O tema não é futebol e, até onde eu sei, o Milton Neves não tem nada a ver com o Maranhão.
Personagem 4
Muito menos com a Academia Brasileira de Letras...
Democracildo (metendo bronca)
Parou geral! Olha o “Decoro Parlamentar”, gente. Cada um, agora, representando o seu papel. Eu disse agora. E não Ágora, viu!
Personagem 2 (virando-se para o público)
Se nem me explicaram o que era o tal do Escru, não sei o que, magina se vou perguntar agora, ou ágora, sei lá, o que é Democracia? Então vou de Tiririca: quando eu aprender, eu digo pra todo mundo.
Personagem 5
Demo...

Personagem 4 (intervindo, e fazendo o sinal da Cruz)
Valei-me, Senhor. Deus é mais. Cruz credo !
Personagem 5
Calma, mulher. Demo, quer dizer Povo, e Kracia, quer dizer Governo. Logo, Democracia quer dizer Governo do Povo.
Personagem 3
Há, na atualidade, diversas formas de Democracia. Porém, prevalecem, com mais ênfase, a direta e a indireta.
Personagem 2
Na democracia direta, o povo pode decidir diretamente sobre assuntos políticos ou administrativos de sua Cidade, do seu Estado ou do seu País. Não existem intermediários, tipo assim deputados, senadores, vereadores...
Personagem 4
Ô maravilha...Benza a Deus !
Personagem 3
É, mas no Brasil, essa não dá, não. É muita gente pra votar. Lá na Grécia era moleza. Era só dez por cento da população que tinha direito a voto. E, pelo visto só tinha Atenas, né. Então, era só meter todo mundo dentro do “Silveirão” deles.
Personagem 4
Você quer dizer, Panteão?
Personagem 3
É por ai....

Personagem 6
Na democracia indireta, o povo também participa, porém através do voto, elegendo seus representantes (deputados, senadores, vereadores). Esta forma também é conhecida como democracia representativa.
Personagem 2 (indo ao encontro da platéia)
Ô psiti ! Quebrando o script. Então por que a gente viu um monte de gente pedindo Diretas, Já? Se era pra ser Diretas, porque fizemos as indiretas ?
Personagem 4
É, tai. A nossa “Diretas, Já” viraram indiretas... E, agora ou ágora, sei lá, estamos sendo roubados indiretamente...
Democracildo (baixando o centralismo democrático)
Gente, picadeiro é pra comédia. Não vou permitir palhaçada aqui. Até o Biribinha já não faz mais circo. Agora é só Teatro Alfredo Sigwal, em Joaçaba. E o nosso papel aqui é outro. Portanto, sem comédia e sem drama, e muito menos palhaçada !
Personagem 4
É, gente. Palhaçada só em Brasília.
Personagem 2
Só, é? Você já assistiu, por acaso, uma Sessão da Câmara de Vereadores?
Personagem 4
Aff. Valei-me,Senhor. É a treva !
(Corte – Desce Luz em Democracia em Cena – Sob Luz em Tele-Aula Terceiro Grau).

Quadro 3: TELE AULA TERCEIRO GRAU
Descrição cênica do quadro: Uma TV de Papelão, com recorte onde seria o vídeo, por onde os personagens atuam.

Personagem 1
Antes do nosso horário eleitoral gratuito; umas tele-aulinhas de terceiro grau sobre essa senhora Democracia...
Personagem 2
A Democracia, como a conhecemos, tornou-se fortalecida no período das revoluções burguesas do século 18; da Revolução Francesa; e a Independência dos Estados Unidos.
Personagem 3
No período Jacobino, o voto já era universal.
Personagem 4
No Brasil, a Democracia é recente, e conturbada. De 1889 até aqui, foram alguns períodos de altos e baixos. As rupturas foram em 1922, 1930, 1937, 1945 e 1964.
(Corte – Desce Luz em Teleaula – Sob Luz em Congresso Nacional – Trilha sonora do Hino Nacional)
Democracildo (Agora a la Ulisses Guimarães, erguendo um exemplar da Constituição 88, e discursando).
Não é a Constituição perfeita. Se fosse perfeita não seria reformável. Ela própria, com humildade e realismo, admite ser remendada e emendada. Não é a Constituição perfeita, mas é útil; é pioneira; desbravadora. Será a luz, ainda que de lamparina, na noite dos desgraçados. Mudar para vencer. Muda Brasil !

Todos

Viva. Viva a Democracia !
Democracildo (desencarnando o personagem Ulisses, e virando-se para o personagem 2)
Ah, finalmente pra esclarecer o seu Escrutínio: Embora muitas vezes utilizados como sinônimos, voto, escrutínio e sufrágio possuem significados diferentes. Sufrágio é o direito de votar e de ser votado; Voto é a forma de exercer o direito ao sufrágio; e Escrutínio é a forma como se pratica o voto.

Todos
(Aplausos finais)

Salve, Salve Presidentes: Baluartes Dirigentes !

Samba de Enredo Exaltação

Salve, Salve Presidentes:
Baluartes Dirigentes !

Autor: João Paulo Dantas


Foi o Totonho o Primeiro Presidente,
Pioneiro; Emergente!
Depois Veio o João Silva e o Mário
Serafin. E o Berçário Foi Assim;
(Genial...)
Era o Início do Nosso Carnaval

A Festa Então Logo Decola,
Eram Tempos de Glória,
Vitória, Afinal !
E Num Eterno Sobe e Desce,
Um Lembra, Outro Esquece,
Mas a Escola Faz a História do Carnaval.

A Luta Tem Preço e Houve Tropeço,
Mas, Enfim, Não Era o Fim...
E o Recomeço Foi o Que Valeu...
O Jorge Assumiu, o Carneiro Prosseguiu,
E o Carnaval Nunca Mais Morreu!

(Refrão)

Salve, Salve Seu Jorge;
Pitoresco; Pioneiro Presidente,
(Guerreiro, Valente),
Carnavalesco, Eternamente!

A Escola Virou Quilombola,
Batuque de Angola,
(Herança do Gongo...!)
E na Presidência,
Com Persistência,
Assumiu Osvaldo Colombo.

Cilon e Preto,
Som Próprio de Soneto,
Dueto Presidente...!
Cada Um, Uma Semente,
Avalon do Mesmo Gueto.

O Tempo Não Pára,
A Escola Trabalha,
Batalha e Segue Em Frente,
Renova e Inova,
E Prova Que é Diferente,
Suzana e Tecla,
(Competentes...!)
São as Primeiras Mulheres Presidentes.

(Refrão)

Salve, Salve Azul e Branco,
Manto Santo do Meu Canto,
Salve, Salve Presidentes,
Baluartes Dirigentes,
Estandartes Expoentes,
Vertentes do Meu Encanto.

(Mas Foi...)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

música: RAP DO PAPEL

Rap do Papel
Autor: João Paulo

Madeira, Cavaco, Polpa e Fibra;
Prensador ! Vibra, vibra),
Tritura e faz a mistura;
Branqueia a tintura;
Amacia a folha dura;
Calibra, recria a Gramatura,
Papel ! Revelador de aventura),
T´Sai Lun, criador;
Pai da criatura ! (bis)

Toras, tambor, cozimento, licor;
Digestor, prensa; espreme, (treme, treme);
Secagem, Embalagem, Papel; Papelão,
Bobina , Cartolina, Kraft, forte; alemão.
A teia, bombeia, sangue bom, na veia;
Vapor, Evaporação...Celulose; metamorfose,
Apoteose da criação).

LILI MARLEEN

Música: Lili Marlene
Versão: João Paulo )

Quando certo dia deixei a minha terra,
Para no além mar tomar parte da guerra,
Contra o inimigo eu fui lutar...
E embarquei sem esquecer,
De ti, Lili Marlene (bis).

Desse combate não tinha como negar,
Pois lá na guerra dispus-me a lutar,
Quantas mazelas nela eu vi,
E de sol a sol muito eu sofri....
Sem ti, Lili Marlene (bis).

Quanta tristeza e quanta agonia,
Chuva e frio de noite e de dia,
Mas meu amor ele só cresceu...
E a lembrança fortaleceu,
A mim, Lili Marlene (bis).

Volto à Pátria com os louros da vitória,
Após ter escrito uma página na história,
Por ti a paz eu conquistei...
E para o meu lar, eu voltarei,
Contigo, Lili Marlene (bis)

POR TI, COMUNIDADE

Música
Por Ti, Comunidade
Criação: João Paulo

Quando a Irani chegou nessa campina,
Para instalar, a sua grande Usina,
Aqui ela plantou, e fez nascer...
Um belo futuro, sem esquecer,
De ti, comunidade (bis)

Desde aquele dia, aqui é só progresso,
E essa terra, merece esse sucesso,
Só tem amigos, e muita paz...
E aqui se faz, felicidade,
Por ti, comunidade (bis)

Toda essa beleza, toda essa magia
fazem da Irani a nossa alegria,
E o seu papel, não é segredo,
É um enredo; realidade....
Por ti, comunidade (bis)

Hoje a Irani tem os louros da vitória,
Após ter escrito, uma página da história,
Sonhou e venceu, plantou e colheu...
E mereceu essa amizade,
Te ti, Comunidade (bis).
Música
Futuro de Sonhos
Criação: João Paulo


Com os feitos das histórias passadas...
Os meninos da Campina da Alegria...
Constroem sonhos com os mais velhos de mãos dadas...
E nos céus descobrem estrelas que são guias...

(Os meninos dessa vasta Campina...
Hão de entender coisas de sonho e de verdade...
Vão aprender como a história lhes ensina...
A ter futuro e também felicidade...)

Cada imagem desse tempo é uma pintura...
Uma aventura na viagem da memória...
E a herança é paisagem que emoldura...
A lembrança de cada ato dessa história... (
E a herança é paisagem que emoldura...
A lembrança de cada ato dessa história). (bis)

Os meninos dessa vasta Campina...
Hão de entender coisas de sonho e de verdade...
Vão aprender como a história lhes ensina...
A ter futuro e também felicidade...) (bis)

O que somos são os sonhos que sonhamos...
Um faz de conta que aponta outro sonhar...
A auto-estima se aproxima do aprender...
É bom saber também a hora de escutar...
Mas, os meninos da Campina da Alegria...
Hão de aprender fazer história e ensinar. (bis)

{Essas imagens exaltam a Campina... E a sua Usina nos deixa um legado... Nos ensina a entender que o futuro... É mais seguro pra quem preserva o passado...) (bis)

Açoite de Vento

Música: Açoite de Vento
Autor: João Paulo Dantas



Enquanto a fábrica se erguia... Nos clarões dos pinheirais... Bravamente foi se bordando... Essas fronteiras naturais... E contornando as barreiras...
Das cordilheiras e mananciais...
Ouvia-se o som dos açoites, Nas noites de vendavais....(bis)

O som dos açoites... De noite e de dia... Varria as clareiras... E o vento zumbia... E a ventania varava as vertentes... Mas, por mais que assustasse...
Era um vento atraente ! (bis)

Mulheres na descascaria... Vinha a tona a lembrança... Pois a verdadeira instância... Não era mais a serraria... E a maquinaria, a essa altura...
Fez-se moldura também... Gravando ali a tintura, Na tritura do vai-e-vem.

O som dos açoites... De noite e de dia... Varria as clareiras... E o vento zumbia... E a ventania varava as vertentes... Mas, por mais que assustasse...
Era um vento atraente ! (bis)

O destino e a sorte... Logo, então, se cruzariam... Na Campina da Alegria...
Uma forte emoção nascia... Foi, enfim, a redenção... E a comunidade vibrou...
Os gritos ecoaram o sucesso... E o progresso não parou... (bis).

O som dos açoites... De noite e de dia... Varria as clareiras... E o vento zumbia... E a ventania varava as vertentes... Mas, por mais que assustasse...
Era um vento atraente ! (bis)

Amazônia: Torrente de Segredo !

“A Amazônia é uma torrente de segredo, e com certeza não cabe no resumo de um
enredo ou na melodia de um samba, porque a energia que dela emana, é o
supra sumo da calma, que irradia uma singeleza envolvente que
descamba rumo ao planeta água e deságua na vertente da
insônia que enxágua a natureza da alma da gente” !

(João Paulo Dantas)

Amazônia: do Jardim da Floresta ao Paraíso da Festa

Samba Exaltação: Do Jardim da Floresta ao Paraíso da Festa
Autor: João Paulo Dantas


(Entre os rios...!)

Entre os rios da Amazônia há uma lenda que desvenda, um enredo do passado, que era um grande segredo, e que por medo foi muito bem guardado.
Ali, a vida era uma cadeia de magia, onde a lua cheia fazia a sua ceia e a alegria das Sereias. (das Sereias...)

Nos Igarapés, Curuanãs e com eles Cunhatãs ao luar, sorrindo e garimpando Muiraquitãs, fazendo o Amazonas brilhar.

Piracemas, Botos, mitos, ritos de outras dimensões, Vitória Régia e Boitatá, e o Rio Negro a encontrar, as águas do Solimões.

Entre Gnomos e Duendes, Chico Mendes já viveu; Mataram o homem, mas o tema não morreu. Então, dê o seu grito, que esse lema agora é seu: Preservar é preciso, o Paraíso que o Mito defendeu.

(Mas foi...!)

Foi bem antes da colonização que os navegadores...se aventuraram e exploraram essa imponente...“Civilização Eldorada” e na extração das novas eras, a Borracha foi transformada...a floresta entre festa e cautela, modela a Manôa encantada, no Teatro Deus Apollo nos revela a Aquarela em pintura afrancesada.

Despertam Ribeirinhos que o “Gaiola” vai passar, o Comboio vai partir, rio acima navegar, Quem quiser pode subir; o Bumbá vai começar, São os Bois de Parintins
e os Curumins do Grão-Pará.

Verdão, Campeão - Chapecoense, Uma Nação !

Samba:
Verdão, Campeão – Chapecoense, uma Nação !
Letra e Melodia:
João Paulo & Vinícius Nagem
Intérprete:
Ciro Morais
Escola:
Kizomba – Itá SC


Extra, extra – Sensacional,
O meu “Verdão” virou manchete
de Jornal, Sou Chapecoense, campeão do estadual,
E nossa história vai ganhar o carnaval...

Guerreiras de Condá, pisando forte na passarela,
meninas valentes, orgulho da gente...
a lança empunhada na paz e na guerra.

Itaoca, criou raízes na cultura milenar,
Kaingangue, fez nascer a nossa história,
E o principio que iria nos guiar...
Assim,ressurge a lenda de Kame e Kairu
Na terra vermelha, o homem escreve no chão,
Imigrantes e nativos iniciam a construção;
Sol e Lua em perfeita união.

(E hoje tem...)
Hoje tem festa na Oca,
Está na hora do Condá balançar, (BIS)
A Arena é nossa Toca,
Meu indiozinho hoje o bicho vai pegar.

Ita representa a nossa história,
Um craque guardado na memória,
Nossa torcida vem aqui pra te saudar,
Caciques, dirigentes, baianas, artistas,
Nesse momento a Kizomba é a Nação,
De mãos dadas nessa festa popular,
Flecha neles, prá vitória conquistar.

Extra, extra – Sensacional,
O meu “Verdão” virou manchete
de Jornal, Sou Chapecoense, campeão do estadual,
E nossa história vai ganhar o carnaval...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Mídia Cega

Não só cega; é burra e comprometida, até a alma, com os interesses americano-judaicos, que detém 99,9% dos meios de comunicação do mundo, através das redes de televisões, cinemas, jornais, internet e agências noticiosas. Ah, só pra lembrar: não há uma rede de comunicação no mundo que não seja de origem judia (até a Al Jazira, "pseudo" árabe).

A "mídia", desde a "morte" de Osama Bin Laden, não fala outra coisa, a não ser sobre o "espanto" do terrorista estar morando em uma "fortaleza" (que mais parece condomínio do antigo BNH) em uma área totalmente militarizada, e ninguém do Paquistão saber. O que deveria causar espanto, indignação e cobrança da mídia, em primeiro lugar é o fato de aviões americanos invadirem o espaço aéreo de outro país, sem consentimento, tendo abordo uma equipe de exterminadores. Há, aí, alguma diferença entre os agentes da cia e os terroristas comandados pelo Bin Laden? A única diferença que há é que os agentes da cia. são pagos pelo governo americano... Outra perguntinha que a "mídia" deveria fazer, e de imediato, para rebater ao espanto de ninguém saber que o Bin Laden estava ali: como helicópteros americanos (aeronaves que não alçam vôos às alturas, pelo contrário; e que fazem um barulho infernal), invadiram o espaço aéreo no país, chegaram à cidade, pousaram numa "área extremamente militarizada", e despejaram uma penca de soldados, armados até os dentes, disparando tiro a torto e a direito, e ninguém viu? Acredito que os "militares" dessa "área extremamente militarizada" devem ser surdos-mudos: nada ouviram, nada falaram. Mas, vão plantar batata !
Ah, só pra refrescar a memória: desde os tempos de Lampião e Maria Bonita (pra gente não ficar revirando a história medieval e até a mitologia), o grande triunfo do vencedor é mostrar a cabeça decepada do inimigo. Os americanos, com o advento de Bin Laden, inventaram uma moda nova... E ainda lembrando: Bin Laden tem uma nacionalidade, tem família (família, inclusive, que foi muitos anos parceira dos americanos em negócios nada louváveis...) Assim sendo, como seria difícil encontrar um local para sepultar o corpo ? Vão contar história pra boi dormir na Pqp. Aff !

quarta-feira, 30 de março de 2011

RIVALIDADE POÉTICA: ESTÉTICA DA NATURALIDADE

Unidos por um vínculo de uma cultura da ancestralidade, esses dois municípios (Joaçaba e Herval d´Oeste), cuja Aliança, em contradição, é um rio por separação, sabem que, no carnaval, a princípio, também, o que Vale é o aval da tradição da rivalidade, porém, a essa altura, sem jamais perder a ternura da fraternidade.

Na verdade, o sonho torna-se realidade quando cada cidade faz o seu papel e sob o teto do mesmo céu defende a sua identidade na Avenida, criando e recriando enredo de vida em cada vitória obtida.

Esse ano duas escolas exaltaram a África, que é uma glória para o resgate de uma lembrança guardada na memória, e cuja herança avança sobre a estética de nossa história: um precioso veio, legado grandioso e soberano de um esteio enraizado e majestoso, que faz de cada um de nós um africano.

Na condenação da bestialidade do cativeiro, exaltou-se aquele que não se deixou prisioneiro e proclamou a alma soberana, com a evolução da ancestralidade, pois ao rufar do pioneiro tambor, dessa vez refez-se o horror da travessia da imensidão, na melancolia dos tumbeiros da escravidão, rumo a agonia da exploração. Mas, enfim, há o fim, e a libertação ganhou projeção e dela emana a identidade da nação, cujo hino é um samba em forma de oração.

E o samba teve sua raiz na velha matriz, de todos os cantos e encantos. Mas, foi no Brasil que, na verdade, ele surgiu, e para a nossa alegria, já na Bahia, ganhou alforria. Ligeiro, o samba subiu os morros do Rio de Janeiro e, orgulhosa, a cidade maravilhosa lhe deu aval, estilo, bossa e harmonia, e o transformou em mania nacional, ganhando identidade, nacionalidade e selo de padrão de qualidade internacional.

Em Santa Catarina, o samba também germina e nos ensina, e em Joaçaba ele impera e prospera e o seu canto e encanto criaram nações vestidas de preto, amarelo, verde, azul e branco. Dessa herança emana a Unidos, a Vale Samba e a Aliança, e uma imensa alegria, quase um Rio de ousadia, cujo manto e acalanto têm esse município por moradia.

No último carnaval, as contendas tiveram o aval de três legendas na disputa da luta bruta, mas de ternura absoluta. Um atravessou a ponte Rio-Niterói, herói e vencedor natural, bi-campeão nacional defendendo a Beija-Flor. O outro, é um bamba, na essência lenda de legenda da cultura local, há trinta anos na feitura de carnaval. Entre os dois, porém, havia outra bandeira, se não pioneira, mas também verdadeira na essência dessa cultura, e dura como concorrente na Avenida, e tendo à sua frente, e de forma destemida, o maior adversário vencedor dos últimos carnavais, um carnavalesco-empresário, que acirrou a disputada dos anais desse cenário.

LIESJHO QUINZE ANOS: A CONSAGRAÇÃO DO CARNAVAL

A idéia de criar a Liga Independente das Escolas de Samba de Joaçaba e Herval d`Oeste, há quinze anos atrás, era a de seguir o exemplo do Rio de Janeiro, que doze anos antes, em 1984, sob a liderança de Luizinho Drumond, Presidente da Escola Imperatriz Leopoldinense e de Anízio Abrahão, Presidente da Beija Flor, havia criado a LIESA – Liga Independente das Escolas do Rio de Janeiro, formada pelas principais agremiações carioca. A criação da Liga carioca e a construção do sambódromo foram duas das mais importantes conquistas do carnaval do Rio de Janeiro, e graças à essas iniciativas o evento se tornou atração internacional.

Em Joaçaba, na liderança do processo de criação da LIESJHO-Liga Independente das Escolas de Samba de Joaçaba e Herval d´Oeste, estavam o Vice-Prefeito Armindo Haro Neto; o Secretário de Educação do Município Darcy Laske; o Presidente da Escola Aliança, César Junqueira; o Presidente da Escola Vale Samba, Osvaldo Colombo; o Presidente da Escola de Samba Unidos do Herval, Ricardo Nodari; o Diretor Técnico dos Desfiles, Ademar Bittencourt; o jornalista João Paulo Dantas, Diretor de Comunicação; e o radialista Nelson Paulo dos Santos, Diretor de Promoção.

Com a criação da LIEJHO, os desfiles das escolas de samba passaram para um outro patamar e várias foram às mudanças e as conquistas, o que conseqüentemente deu maior grandeza ao espetáculo. As escolas passaram a receber participação na venda de ingressos, nos direitos de merchandising da Avenida, e os aspectos técnicos e organizacionais surpreenderam até mesmo os mais experientes carnavalescos do Brasil, como o Dr. Hiran Araújo, Diretor de Cultura da LIESA, que esteve em Joaçaba participando de um Seminário, que marcava a criação da Liga, e depois como jurado dos desfiles.

O primeiro passo da Liga Independente das Escolas de Samba de Joaçaba e Herval d`Oeste foi promover um Seminário sobre carnaval de desfile de escola de samba, e para tanto o então Secretário de Educação do Município, Darcy Lask viabilizou um convênio com a UERJ-Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e esta com a RIOTUR e a LIESA para que fosse possível a vinda a Joaçaba de renomados profissionais do mundo do carnaval. Na época, o atual Diretor Cultural da LIESA, Hiran Araújo, autor de vários livros sobre Carnaval, já ficou impressionado com o envolvimento da comunidade com o carnaval, e com o nível das escolas de samba. “Olha, eu estou até surpreso com o que eu encontro aqui em Joaçaba. Com toda a sinceridade, eu não esperava ver isso, não. Vocês, realmente, estão fazendo um belo trabalho e estão de parabéns pelo nível das Escolas e da organização do evento também, e, principalmente, pela preocupação em espelhar-se no Rio de Janeiro, que é, realmente, a referência maior dessa cultura. E Seminários como este, que são raros por esse Brasil afora, mesmo com várias cidades promovendo desfiles, certamente, darão importantes contribuições para a evolução que vocês estão, corretamente, buscando, e vão servir de norte para as futuras gerações, que saberão muito bem cultivar, neste solo propício, essa tenra semente, que pelo que fui informado, foi plantada há muito anos”, destacou o historiador.

O surgimento da Liga das Escolas de Samba se deve muito ao esforço pessoal do então Presidente da Escola de Samba Aliança, César Junqueira. Além do ótimo trabalho que ele já fazia na escola, também foi, posteriormente, um dos mais atuantes Presidentes da Liga, e um dos responsáveis pelos primeiros avanços do evento. E ele sempre teve a convicção de que, em determinado momento, era preciso abandonar a disputa direta para abraçar a união, em prol do objetivo maior, que era as escolas: “Eu acreditei, desde o início, que a melhor forma de dar grandeza à disputa das escolas, era, contraditoriamente, a união delas. Eu via, como ainda vejo até hoje, positiva a rivalidade sadia; mas, sempre defendi, com firmeza, que após os confrontos dos desfiles, que na maioria das vezes geram polêmicas, era preciso serenidade para que pudéssemos avançar nas conquistas, que já eram muitas. Então, mesmo às vezes enfrentando discordância de algumas pessoas até da minha escola, as minhas decisões visavam sempre o benefício coletivo, e, por isso, tenho certeza de que dei uma boa parcela de contribuição para o grande espetáculo que hoje assistimos.”

A presença de César Junqueira, como Presidente da Liga, a participação da família Fett, como principal colaboradora da escola Aliança; e as transmissões dos desfiles das escolas de samba pela televisão, criaram um novo conceito na disputa entre as escolas, e a partir de então o carnaval de Joaçaba tornou-se o principal evento do gênero no Estado de Santa Catarina, atraindo a atenção de um público expressivo que passou a ver o espetáculo com mais entusiasmo, os assistindo na Avenida ou através da televisão.

A Liga Independente das Escolas de Samba é, na verdade, uma entidade, de direito privada, formada através da composição de sócios permanentes individuais, os quais têm direitos a voto, como fundadores, e pelos Presidentes das escolas, entidades que são admitidas como “sócias-convidadas” Qualquer escola de samba para participar da Liga terá de ter a aprovação, a priori, dos sócios fundadores, e dos representantes legais das escolas já integrantes da entidade, e cumprir com alguns requisitos do regulamento do desfile, que prevê exigências de números de desfilantes na ala das baianas, na bateria e na quantidade de alegorias.

Por determinação do Estatuto da entidade, a Diretoria Executiva deve ser, necessariamente, composta pelos Presidentes das escolas associadas, e todas as atividades alusivas ao carnaval são determinadas pela Liga, a quem compete a política de execução dos desfiles, dividida em administrativa, técnica e promocional. Para um dos fundadores da Liga e Diretor Técnico dos Desfiles, Ademar Bittencourt, essa formatação “foi a decisão mais acertada para que o evento pudesse ganhar a projeção que ganhou em tão pouco tempo. Sistematizar o carnaval, de forma mais profissional, foi a melhor coisa para evitar que o mesmo pudesse sofrer solução de continuidade, como já há havia ocorrido no passado, em função da falta de interesse do poder público com relação à sua realização".

O Dr. Gilmar Antônio Bonamigo, ao assumir a Liga deu um novo conceito à entidade, criando mecanismos para a sua solidificação e profissionalização. Desde a sua posse, a participação das escolas tem sido mais acentuada, e a busca por recursos vem aumentando e há uma expressiva redução de custos para a execução do evento. Por outro lado, Bonamigo, paralelamente a reestruturação da Liga que também dar início a um projeto amplo, visando o resgate da memória do carnaval de Joaçaba. Esse processo já foi iniciado, principalmente tendo por base a criação da Liga Independente das Escolas de Samba, em 1996, com um acervo, composto por fotos, fantasias, vídeos e livros, com um pouco da história da trajetória das agremiações o que, segundo ele é indispensável e imprescindível: “Em um primeiro momento na Liga, a preocupação, mais do que justa, foi com o aspecto financeiro, para que a mesma pudesse dar mais condições às escolas e ao próprio evento. Aliás, esse aspecto é ainda muito preocupante, já que os custos para a realização e manutenção das escolas são elevados, e, portanto, não se pode ter descuido nessa área. Por outro lado, a trajetória do nosso carnaval já merece ser contemplada de uma forma mais acentuada, e nesse sentido é que pretendemos continuar, visando resgatar a história do nosso carnaval e das nossas escolas de samba, através de um acervo que possa espelhar fielmente essa realidade, e que também sirva de fonte de referência para as futuras gerações de adeptos do carnaval”, frisa Gilmar Bonamigo, Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba.

A idéia de criar a Liga Independente das Escolas de Samba de Joaçaba e Herval d`Oeste, era a de seguir o exemplo do Rio de Janeiro, que doze anos antes, em 1984, sob a liderança de Luizinho Drumond, Presidente da Escola Imperatriz Leopoldinense e de Anízio Abrahão, Presidente da Beija Flor, havia criado a LIESA – Liga Independente das Escolas do Rio de Janeiro, formada pelas principais agremiações carioca. A criação da Liga carioca e a construção do sambódromo foram duas das mais importantes conquistas do carnaval do Rio de Janeiro, e graças à essas iniciativas o evento se tornou atração internacional.

Em Joaçaba, na liderança do processo de criação da LIESJHO-Liga Independente das Escolas de Samba de Joaçaba e Herval d´Oeste, estavam o Vice-Prefeito Armindo Haro Neto; o Secretário de Educação do Município Darcy Laske; o Presidente da Escola Aliança, César Junqueira; o Presidente da Escola Vale Samba, Osvaldo Colombo; o Presidente da Escola de Samba Unidos do Herval, Ricardo Nodari; o Diretor Técnico dos Desfiles, Ademar Bittencourt; o jornalista João Paulo Dantas, Diretor de Comunicação; e o radialista Nelson Paulo dos Santos, Diretor de Promoção.

Com a criação da LIEJHO, os desfiles das escolas de samba passaram para um outro patamar e várias foram às mudanças e as conquistas, o que conseqüentemente deu maior grandeza ao espetáculo. As escolas passaram a receber participação na venda de ingressos, nos direitos de merchandising da Avenida, e os aspectos técnicos e organizacionais surpreenderam até mesmo os mais experientes carnavalescos do Brasil, como o Dr. Hiran Araújo, Diretor de Cultura da LIESA, que esteve em Joaçaba participando de um Seminário, que marcava a criação da Liga, e depois como jurado dos desfiles.

O primeiro passo da Liga Independente das Escolas de Samba de Joaçaba e Herval d`Oeste foi promover um Seminário sobre carnaval de desfile de escola de samba, e para tanto o então Secretário de Educação do Município, Darcy Lask viabilizou um convênio com a UERJ-Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e esta com a RIOTUR e a LIESA para que fosse possível a vinda a Joaçaba de renomados profissionais do mundo do carnaval. Na época, o atual Diretor Cultural da LIESA, Hiran Araújo, autor de vários livros sobre Carnaval, já ficou impressionado com o envolvimento da comunidade com o carnaval, e com o nível das escolas de samba. “Olha, eu estou até surpreso com o que eu encontro aqui em Joaçaba. Com toda a sinceridade, eu não esperava ver isso, não. Vocês, realmente, estão fazendo um belo trabalho e estão de parabéns pelo nível das Escolas e da organização do evento também, e, principalmente, pela preocupação em espelhar-se no Rio de Janeiro, que é, realmente, a referência maior dessa cultura. E Seminários como este, que são raros por esse Brasil afora, mesmo com várias cidades promovendo desfiles, certamente, darão importantes contribuições para a evolução que vocês estão, corretamente, buscando, e vão servir de norte para as futuras gerações, que saberão muito bem cultivar, neste solo propício, essa tenra semente, que pelo que fui informado, foi plantada há muito anos”, destacou o historiador.

O surgimento da Liga das Escolas de Samba se deve muito ao esforço pessoal do então Presidente da Escola de Samba Aliança, César Junqueira. Além do ótimo trabalho que ele já fazia na escola, também foi, posteriormente, um dos mais atuantes Presidentes da Liga, e um dos responsáveis pelos primeiros avanços do evento. E ele sempre teve a convicção de que, em determinado momento, era preciso abandonar a disputa direta para abraçar a união, em prol do objetivo maior, que era as escolas: “Eu acreditei, desde o início, que a melhor forma de dar grandeza à disputa das escolas, era, contraditoriamente, a união delas. Eu via, como ainda vejo até hoje, positiva a rivalidade sadia; mas, sempre defendi, com firmeza, que após os confrontos dos desfiles, que na maioria das vezes geram polêmicas, era preciso serenidade para que pudéssemos avançar nas conquistas, que já eram muitas. Então, mesmo às vezes enfrentando discordância de algumas pessoas até da minha escola, as minhas decisões visavam sempre o benefício coletivo, e, por isso, tenho certeza de que dei uma boa parcela de contribuição para o grande espetáculo que hoje assistimos.”

A presença de César Junqueira, como Presidente da Liga, a participação da família Fett, como principal colaboradora da escola Aliança; e as transmissões dos desfiles das escolas de samba pela televisão, criaram um novo conceito na disputa entre as escolas, e a partir de então o carnaval de Joaçaba tornou-se o principal evento do gênero no Estado de Santa Catarina, atraindo a atenção de um público expressivo que passou a ver o espetáculo com mais entusiasmo, os assistindo na Avenida ou através da televisão.

A Liga Independente das Escolas de Samba é, na verdade, uma entidade, de direito privada, formada através da composição de sócios permanentes individuais, os quais têm direitos a voto, como fundadores, e pelos Presidentes das escolas, entidades que são admitidas como “sócias-convidadas” Qualquer escola de samba para participar da Liga terá de ter a aprovação, a priori, dos sócios fundadores, e dos representantes legais das escolas já integrantes da entidade, e cumprir com alguns requisitos do regulamento do desfile, que prevê exigências de números de desfilantes na ala das baianas, na bateria e na quantidade de alegorias.

Por determinação do Estatuto da entidade, a Diretoria Executiva deve ser, necessariamente, composta pelos Presidentes das escolas associadas, e todas as atividades alusivas ao carnaval são determinadas pela Liga, a quem compete a política de execução dos desfiles, dividida em administrativa, técnica e promocional. Para um dos fundadores da Liga e Diretor Técnico dos Desfiles, Ademar Bittencourt, essa formatação “foi a decisão mais acertada para que o evento pudesse ganhar a projeção que ganhou em tão pouco tempo. Sistematizar o carnaval, de forma mais profissional, foi a melhor coisa para evitar que o mesmo pudesse sofrer solução de continuidade, como já há havia ocorrido no passado, em função da falta de interesse do poder público com relação à sua realização".

O Dr. Gilmar Antônio Bonamigo, ao assumir a Liga deu um novo conceito à entidade, criando mecanismos para a sua solidificação e profissionalização. Desde a sua posse, a participação das escolas tem sido mais acentuada, e a busca por recursos vem aumentando e há uma expressiva redução de custos para a execução do evento. Por outro lado, Bonamigo, paralelamente a reestruturação da Liga que também dar início a um projeto amplo, visando o resgate da memória do carnaval de Joaçaba. Esse processo já foi iniciado, principalmente tendo por base a criação da Liga Independente das Escolas de Samba, em 1996, com um acervo, composto por fotos, fantasias, vídeos e livros, com um pouco da história da trajetória das agremiações o que, segundo ele é indispensável e imprescindível: “Em um primeiro momento na Liga, a preocupação, mais do que justa, foi com o aspecto financeiro, para que a mesma pudesse dar mais condições às escolas e ao próprio evento. Aliás, esse aspecto é ainda muito preocupante, já que os custos para a realização e manutenção das escolas são elevados, e, portanto, não se pode ter descuido nessa área. Por outro lado, a trajetória do nosso carnaval já merece ser contemplada de uma forma mais acentuada, e nesse sentido é que pretendemos continuar, visando resgatar a história do nosso carnaval e das nossas escolas de samba, através de um acervo que possa espelhar fielmente essa realidade, e que também sirva de fonte de referência para as futuras gerações de adeptos do carnaval”, frisa Gilmar Bonamigo, Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba.

A LIGA AGREGA E TRIPLICA ESFORÇOS

Em geral, o conjunto das escolas de samba tem conseguido, ultimamente, transitar com certa normalidade pelos tortuosos e burocráticos caminhos oficiais, e tem tido razoável sucesso; sem não antes, porém, penar bastante, principalmente, pela morosidade tradicional nessa área, em que pese a utilização de táticas que não implicam em enfrentamento, e sim alianças pontuais. Em torno da Liga, as escolas se “entrincheiram” e vão ao combate da boa luta, já que a batalha em busca de recursos é sempre muito árdua e por isso elas não podem gastar munição com brigas internas. Ultimamente, de forma mais organizada, através da Liga, esse processo de busca de recursos tem se dado de maneira mais profissional, mas, individualmente, ainda falta um pouco de estruturação das escolas, no sentido de complementar os valores necessários para a produção de seus espetáculos.

Paralelo ao malabarismo para o equilíbrio com o staff oficial, o corpo dirigente das escolas enfrenta, às vezes, polêmicas internas e externas, que dizem respeito aos quesitos autonomia e dependência, e por outro lado a negritude e o branqueamento, acrescidos da questão da tradição, e os vínculos, ou falta deles, com as comunidades. Tudo isso, numa região onde, aparentemente, os aspectos tradicionais que movem o encantamento do universo da fantasia, são desconhecidos, e deixa confusa boa parte dos próprios integrantes das escolas.

Essas questões, às vezes, passam alheias à maioria dos integrantes das escolas e aos expectadores, em geral, que assistem tudo à distância, tendo como intermediário apenas a mídia; que também está ainda desfocada da visão histórica e cultural do mundo carnavalesco, e com isso acaba reproduzindo, aleatoriamente, uma série de conceitos, emitidos, às vezes, por quem, a priori, não tem a mínima noção do que é, de fato, a discussão em questão. Na verdade, esse confuso caldeirão de antagonismo acaba servindo para cozinhar a cultura que foi, até de certa foram, servida meio crua, motivo pelo qual ainda ela não foi devidamente digerida, criando um processo, altamente positivo, no sentido de dinamizar e processar bem as transformações necessárias, o que vai justificando, mesmo que lentamente, as alterações ocorridas, não só nas escolas como na própria estrutura de poder, que, em última instância, é a que acaba respondendo por todas as conseqüências, positivas ou negativas.

Diferente de outros centros, onde a cultura negra, mesmo antes da sua projeção através do carnaval, disputava com as demais manifestações de origem dos colonizadores; em Joaçaba, o nascimento e desenvolvimento das escolas de samba se deram, justamente, entre as comunidades que são formadas por descendentes de alemães e italianos, detentores, por conseqüência, da hegemonia das atratividades culturais. Enquanto nos centros de referências da cultura carnavalesca, as escolas de samba foram surgindo de ranchos, cordões e blocos, baseados em comunidades populares, como conjuntos habitacionais e favelas; em Joaçaba as entidades carnavalescas sugiram de grupos sociais, de classe “média-alta”, para os padrões regionais, e formados por pessoas que tinham históricas descendências sócio-culturais, e, a maioria, com ligações étnica ítalo-germânicas. Enquanto uma das primeiras escolas surgia da união de uma companhia teatral com um bloco carnavalesco, formado por jovens de classe média; a outra nascia da histórica união de um grupo de jovens casais, da alta sociedade joaçabense e hervalense, que nos períodos carnavalescos reunia-se para se divertir, saindo às ruas das duas cidades, em forma de bloco. É evidente, porém, e muito importante, mencionar que apesar do aparente “branqueamento” das escolas de samba, no seu nascedouro; tinha-se, no bojo da história passada dessa cultura, uma semente de origem afro, plantada nas primeiras décadas do século vinte, tendo-se por base, principalmente, o batuque de Candomblé, praticado em Herval d´Oeste, num terreiro chamado Casa Nova Era.

Aumentar o prestígio ou o reconhecimento das escolas de samba, conquistando mais espaços sociais, é sempre um dos objetivos dos dirigentes, já que essa moeda pode representar mais poder de persuasão na defesa de seus interesses nas complexas e invisíveis redes de disputas de bastidores, inimagináveis para as pessoas que apenas assistem aos espetáculos. A disputa, inicial, pela conquista da simpatia social, portanto, já passou para a fase da disputa pela supremacia financeira, pois com ela, principalmente no mundo da fantasia, é possível se “conquistar” apoios tão ou quase tão importantes quanto àqueles advindos dos esforços sociais, junto a segmentos considerados potenciais pelos outrora recrutadores de simpatias, e que hoje foram transformados em exímios “captadores” de garantias financeiras. Mas, apesar de toda essa transfiguração, que gera apoio ou discordância, há que se ressaltar que o mundo do carnaval mantém, à duras penas, uma base que não pode ser desprezada, em hipótese alguma, e que dá uma sustentação para a sua defesa intransigente: a manutenção simbólica de uma brasilidade, que traz com ela um conjunto de signos representativos da trajetória de uma raça, que é um dos pilares de sustentação da nossa identidade, portanto, algo inerente à cultura nacional. Por outro lado, como um dos aspectos mais concretos desse imaginário místico, está a fecundação de uma semente comunitária, de grande valia cultural e educacional, cujos resultados positivos, mesmo que mal absorvidos, ainda são responsáveis por boa parte da diminuição dos processos degenerativos, comuns nas áreas mais carentes das periferias.

O percurso histórico das escolas de Joaçaba e Herval D`Oeste, apesar de alguns percalços, na condução de suas trajetórias, já deixa legados fundamentais para a construção de uma compreensão maior da cultura carnavalesca no Vale do Rio do Peixe. Uma das vertentes que poderá ser bem aproveitada desse processo, até mesmo melhor do que em qualquer outra região, caso haja razoável pequeno esforço nesse sentido, é a área “pedagógica-cultural”, já que nas escolas de samba repousam extraordinários saberes que podem ser de grande utilidade para a formação de boa parcela da população, haja vista que as ações de cultura e arte, hoje produzidas e promovidas por essas entidades, atingem diferentes aspectos, o que as tornam, de fato, em exímias construtoras de ensinamentos.

No aspecto social, ou das ações que emanam dessa área, já está consolidada a histórica tradição da salutar vivência comunitária, entre os adeptos das escolas, e a relação cordial destes com os outros segmentos, o que é um aprendizado extremo de convivência com o diferente e o com o similar, seja no aspecto de pequenos núcleos, como são as comunidades de bairros, ou até mesmo em um leque mais amplo, em que massas antagônicas podem estar envolvidas, como no caso dos desfiles, que reúnem sempre milhares de pessoas que, mesmo disputando preferências, conseguem, pacificamente, em nome da ordem pré-estabelecida, cumprir os seus papéis. O marketing do relacionamento é um ganho extraordinário para todos das comunidades e contribui para valorizar as reivindicações das entidades, já que através do reconhecimento de seus procedimentos sociais, há um visível empenho de outros segmentos no sentido de contribuir, sempre que necessário. Por outro lado, o processo de integração, baseado na convivência, e tendo como ingredientes as referências culturais ancestrais, facilita a ponte entre a tradição e a modernidade, fazendo uma combinação de interesses que criam e recriam conceitos, o que é, fundamentalmente, o objetivo da ação educativa.

Aparentemente, e do ponto de vista externo, a elaboração e manutenção da pacífica ação coletiva, no mundo carnavalesco, é natural e sem maiores transtornos; mas, na verdade, há, sim, conflitos que geram profundos desentendimentos e que, muitas vezes, acabam por atingir e prejudicar uma parcela significativa das forças de atuação dentro de células núcleos do processo. Por isso é que há uma luta constante, principalmente entre os integrantes mais velhos das escolas, para a preservação, mesmo que com um pouco de deturpação, de ritos da tradição, já que com base neles, e em nome de um objetivo até místico, é possível se fazer o enquadramento social no sentido da manutenção da convivência e sobrevivência das entidades, porque sem elas a lógica perderia o sentido. Para o desenvolvimento desse processo, na tentativa de assegurar coesão interna e externa, e amenizar as influências político-partidárias, que são preocupantes no amplo universo das entidades carnavalescas, pois elas podem até atrelá-las ou desestruturá-las, o caminho mais fácil é a descentralização das instâncias de poderes, através de comandos decisórios diferenciados, e o salutar estímulo à democracia. O aspecto político mais interessante, e estimulado constantemente no interior dos barracões, e que faz parte de uma concepção pedagógica, é o da organização política representativa das escolas, para que se possa ter mais força para fazer alianças com outros segmentos da sociedade e, conseqüentemente, assumir, de fato, direitos e deveres. A criação da Liga, por exemplo, é fruto dessa preocupação organizativa, e representa importante fórum de debates na luta pela manutenção ou ampliação de suas conquistas, e se torna fundamental para inibir tendências de parcialidade em prol de determinadas correntes partidárias. Essa postura evita, entre outras coisas, o paternalismo e o clientelismo políticos, e a prática acaba sendo vista entre os componentes das escolas de samba como uma espécie de “ISSO” ético e moral invisível; tal qual um manual no qual estão contidas as rígidas normas que são indispensáveis para a manutenção da unidade.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Candomblé e Carnaval: Joaçaba e Herval d´Oeste

Por Renato Franke/Maria Helena dos Santos

Mandinga, feitiçaria, macumba! Muitas perguntas passam pela cabeça das pessoas quando o assunto são as religiões afro-brasileiras. Afinal, o que são? Como surgiram?O que realmente elas pregam? Quais suas diferenças? Quem as pratica?

As religiões de origem africana chegaram ao Brasil junto com os escravos, e manter as tradições religiosas era um jeito de conservar a identidade do grupo. Com o tempo, os ritos se misturaram a outras manifestações brasileiras e aos poucos surgiu o Candomblé, e mais recentemente a Umbanda. A quem diga que a umbanda é a mais brasileira das religiões, de origem negra e com fortes influências do Catolicismo e do Espiritismo, a mistura atrai milhares de seguidores, especialmente em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e na Bahia. Em 1991, existiam quase 650 mil adeptos, de acordo com o censo do IBGE, mas acredita-se que esse número seja ainda maior, pois muitos adeptos temem sofrer preconceito ao se declararem umbandistas.

As religiões como o candomblé e umbanda têm uma relação simbiótica, genésica, com a cultura afro-brasileira. A origem do carnaval carioca, por exemplo, surge das festas do catolicismo popular dos negros, mesclados ao jongo, samba de quintal e candomblé. O candomblé, como ritual religioso que é também tem seus momentos carnavalescos, as batucadas, os cantos, o maracatu.

A cultura negra, no Vale do Rio do Peixe

As crenças, a religiosidade, fazem parte da cultura de um povo, e a cultura afro trouxe para Joaçaba o Carnaval. De acordo com João Paulo Dantas, jornalista e escritor, "A cultura negra, no Vale do Rio do Peixe, mesmo que tímida, exerceu algumas influências na região, e entre elas vale destacar, com mais ênfase, o carnaval. Pouca gente sabe, mas o carnaval de desfile de escolas de samba, que hoje acontece com muito sucesso em Joaçaba, mesmo sendo, praticamente, criado e produzido por brancos, de classe média-alta, a exemplo dos centros de excelência dessa cultura, se deve a um pequeno núcleo de negros que existiu em Herval d´Oeste, nos anos trinta e quarenta. Esses negros, a maioria vindos, dos estados da Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro, chegaram até o Vale do Rio do Peixe por intermédio da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande do Sul, que foi implantada no início do século XX, e teve o seu apogeu nos anos trinta e quarenta”.

Ainda segundo o jornalista, o grupo responsável pelas primeiras manifestações carnavalescas na região, promoveu, inclusive, alguns "desfiles" de blocos pelas ruas de Herval e Cruzeiro (nome de Joaçaba, à época). “A base física dessa manifestação cultural, e que abrigava esses pioneiros batuqueiros, era um terreiro de candomblé; a casa Nova Era, um terreiro que abrigava uma espécie de "Umbandomblé", mistura de Umbanda e Candomblé. Esse terreiro era localizado, em Herval D´Oeste, na então conhecida Coxilha Seca, e tinha sob o seu comando um Pai-de-santo, que era originário da Bahia, mas que morou alguns anos no Rio de Janeiro, antes de vir para Santa Catarina. O pai-de-santo Antônio Nunes de Oliveira, aliás, tinha uma história interessante, mas que poucos tomaram conhecimento: no Rio de Janeiro ele trabalhou, no cais do Porto, como estivador, com um dos expoentes da religião afro e do carnaval carioca, que foi Mano Elói. Esse pai-de-santo carioca foi fundador de três escolas de samba no Rio: Deixar Falar, Vai Como Pode e Prazer da Serrinha, que transformaram-se, muitos anos depois, em Portela e Império Serrano. Foi com Mano Elói que Antônio Nunes de Oliveira, ainda no Rio de Janeiro, aprendeu os ofícios do Candomblé, os quais, já em Herval d´Oeste, repassou para a sua filha Maria dos Prazeres Oliveira, a Dona Maria dos Prazeres, mãe-de-santo e primeira Porta Bandeira da Escola de Samba Unidos do Herval”

Negra, Mãe-de-santo e Porta-Bandeira, Dona Maria dos Prazeres acompanhou, de perto, todas as manifestações referentes a religião afro, com base no Candomblé e na Umbanda, e também ao carnaval. Dona Maria dos Prazeres morreu nos anos oitenta, mas ainda teve a oportunidade de ver a sua escola de samba do coração, a Unidos do Herval, ser campeã, com um enredo histórico: Locomotiva, que contava, subjetivamente, a origem de Herval d´Oeste, com base na história do trem de ferro.

Todos esses resgates da cultura carnavalesca e das religiões afros na região estão contidas no livro Joaçaba, Samba (E Faz Escola), Desde 1934, de autoria do jornalista e escritor João Paulo Dantas, em parceria com o carnavalesco Jorge Zamoner. O livro tem previsão para lançamento, no carnaval de 2011, junto com a comemoração dos setenta e seis anos de atividades carnavalescas, trinta e dois anos de desfiles e quinze anos de fundação da Liga das Escolas de Samba de Joaçaba e Herval d´Oeste.

Dantas, orgulha-se ao falar do trabalho de resgate histórico do carnaval, e das religiões afro-brasileiras manifestadas na região, justamente por ter tido contado com uma das maiores personagens desse enredo. “Eu tive a oportunidade de registrar uma parte da trajetória da pequena, mais importante, história da religião e do carnaval afro no Vale do Rio do Peixe, ouvindo, justamente, uma das mais importantes personagens dessas culturas: Dona Maria dos Prazeres, com quem eu gravei, em áudio, dois depoimentos, em épocas distintas, e justamente sobre carnaval e candomblé. Graças a esses depoimentos, que tinham preciosas informações, eu consegui, mais tarde, levantar uma pesquisa que pôde, pelo menos parcialmente, contextualizar e legitimar os desfiles de escolas de samba, que hoje já é uma cultura consolidada numa região que, pela lógica da sua colonização, não teria o carnaval entre as suas principais manifestações culturais”, destaca.

Hoje, a prática do candomblé e umbanda na região do Vale do Rio do Peixe, parece não mais existir, mas ela veio para ficar e mesmo sendo pouco divulgada, reúne muitos adeptos. A intolerância religiosa talvez seja a principal causa de sua baixa visibilidade, mas os batuques ainda soam, e discretamente cultuam os orixás, mantendo viva uma crença e a cultura negra na região.