quarta-feira, 30 de março de 2011

RIVALIDADE POÉTICA: ESTÉTICA DA NATURALIDADE

Unidos por um vínculo de uma cultura da ancestralidade, esses dois municípios (Joaçaba e Herval d´Oeste), cuja Aliança, em contradição, é um rio por separação, sabem que, no carnaval, a princípio, também, o que Vale é o aval da tradição da rivalidade, porém, a essa altura, sem jamais perder a ternura da fraternidade.

Na verdade, o sonho torna-se realidade quando cada cidade faz o seu papel e sob o teto do mesmo céu defende a sua identidade na Avenida, criando e recriando enredo de vida em cada vitória obtida.

Esse ano duas escolas exaltaram a África, que é uma glória para o resgate de uma lembrança guardada na memória, e cuja herança avança sobre a estética de nossa história: um precioso veio, legado grandioso e soberano de um esteio enraizado e majestoso, que faz de cada um de nós um africano.

Na condenação da bestialidade do cativeiro, exaltou-se aquele que não se deixou prisioneiro e proclamou a alma soberana, com a evolução da ancestralidade, pois ao rufar do pioneiro tambor, dessa vez refez-se o horror da travessia da imensidão, na melancolia dos tumbeiros da escravidão, rumo a agonia da exploração. Mas, enfim, há o fim, e a libertação ganhou projeção e dela emana a identidade da nação, cujo hino é um samba em forma de oração.

E o samba teve sua raiz na velha matriz, de todos os cantos e encantos. Mas, foi no Brasil que, na verdade, ele surgiu, e para a nossa alegria, já na Bahia, ganhou alforria. Ligeiro, o samba subiu os morros do Rio de Janeiro e, orgulhosa, a cidade maravilhosa lhe deu aval, estilo, bossa e harmonia, e o transformou em mania nacional, ganhando identidade, nacionalidade e selo de padrão de qualidade internacional.

Em Santa Catarina, o samba também germina e nos ensina, e em Joaçaba ele impera e prospera e o seu canto e encanto criaram nações vestidas de preto, amarelo, verde, azul e branco. Dessa herança emana a Unidos, a Vale Samba e a Aliança, e uma imensa alegria, quase um Rio de ousadia, cujo manto e acalanto têm esse município por moradia.

No último carnaval, as contendas tiveram o aval de três legendas na disputa da luta bruta, mas de ternura absoluta. Um atravessou a ponte Rio-Niterói, herói e vencedor natural, bi-campeão nacional defendendo a Beija-Flor. O outro, é um bamba, na essência lenda de legenda da cultura local, há trinta anos na feitura de carnaval. Entre os dois, porém, havia outra bandeira, se não pioneira, mas também verdadeira na essência dessa cultura, e dura como concorrente na Avenida, e tendo à sua frente, e de forma destemida, o maior adversário vencedor dos últimos carnavais, um carnavalesco-empresário, que acirrou a disputada dos anais desse cenário.

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