sexta-feira, 3 de abril de 2009

A LIÇÃO DO SABER QUE AINDA NÃO APRENDEU A FAZER ESCOLA

Um despertar lento, mesmo para quem é observador atento das práticas sociais, educativas, culturais e educacionais. Como expectador privilegiado do universo do Carnaval, é natural o meu estranhamento quanto ao não aproveitamento, urgente, da torrente de saber e conhecimento, que jorra pelos leitos das quadras e dos barracões, onde as malesas, às vezes, parecem até que são frutos das tradições.

O Carnaval é um manancial inesgotável, portanto renovável, e diferente da escola regular, além de oferecer todo os elementos básicos do ensino curricular, oportuniza atratividades lúdicas que aliam prazer, lazer e convívio social e familiar.

O ensino regular e oficial da atualidade, já há tempo carente de novo referencial, sem uma perspectiva para um futuro melhor, se torna pior, na realidade. E ao não adotar as práticas propostas por Freire, para um salto significativo de qualidade, despreza conhecimentos passados de geração a geração, movidos pelos sentimentos de preservação das raízes, matizes da identidade que foram transplantadas com a fé dos terreiros de Candomblé, dos confins da África-Mãe, para as senzalas das escravidões, e dessas para as quadras e barracões. Assim, as escolas convencionais, tradicionais, deixam de aproveitar um inesgotável horizonte, fonte rentável para a ruptura de paradigmas, enigmas que podem representar novas graças na formação de jovens e crianças, esperanças, principalmente, para as áreas sociais de enorme pobreza, e onde, em geral, para a nossa tristeza, acontecem as maiores desgraças.

Há um certo descaso, e atraso oficial, para com as atividades das Escolas de Samba, e até mesmo as demandas sociais, as mais evidentes, não têm dotação nos orçamentos Municipais, o que não deixa de ser uma falha grave, e um entrave para a melhoria da educação. Essas atividades já ocorrem normalmente, e geralmente, com um sucesso natural; expresso no brilho das alegorias nos dias de Carnaval. Portanto, não precisaria tanto, e apenas uma melhor sistematização e organização por parte do Município, que a princípio, deveria ser o primeiro interessado em ter o Carnaval como forte aliado no enredo da Educação, porque, se não, viveremos sempre o grande medo, de continuar perdendo os jovens para a marginalização.

Como acontece nos centros de excelência do Carnaval, a tendência, também nas Escolas de Samba de Joaçaba, é se ter um celeiro de arte, parte essencial na pedagogia atual. O acesso, absorção e projeção dessa interdisciplinaridade já deveriam ser uma realidade da municipalidade, e da própria Universidade, com base em um processo que se entrelace, e cujo resultado ultrapasse a mesmice da atualidade.

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