sexta-feira, 3 de abril de 2009

A FÉ ESTÁ A MÍNGUA E EU SEM PAPAS NA LÍNGUA.

O recente ato inaugural do Monumento Frei Bruno, em Joaçaba, acaba sendo oportuno para uma rápida reflexão, sobre o fato, e sua significação, material e espiritual, e o próprio significado da religião; talvez, já que o Papa Bento 16 foi embora, embora que para a Rádio Catarinense (emissora regional), no Momento da Prece, parece que ele ainda não chegou, sequer, ao papado; coitado. È que João Paulo II, mesmo já há tempo do outro lado do mundo, na rádio, continua no ar, a orar, firme e forte, mesmo depois de sua morte; e ao meio dia, todos os dias, na hora do louvor, quando os ponteiros unem-se para dar graças ao Senhor, Sua Santidade, com serenidade e amor, reza para toda a cidade, para crentes e ateus, e mata-nos a saudade do salvador João de Deus.


Depois de mais de três anos da avalanche da visita oficial, e do total desmanche do aparato papal, físico e espiritual, vou falar do Pontífice, utilizando-me de artífice que, evidente, vai deixar muito católico descontente, já que está na contra-mão da ladainha da louvação atual.

O Papa é alemão, e aí já está o primeiro senão; claro, não pela nação, com quem nosso país tem ótima relação, e, principalmente, a nossa região. Mas lá, os católicos não têm a hegemonia da religião, e Sua Santidade, pelo aval da obviedade, não deveria ter sido a santa primeira opção, na hora de liberar a fumacinha branca pela cumeeira da máter congregação.

Desde o “temos Santidade”, apressado e não convincente, o povo ficou meio desconfiado e descontente, e com a pergunta em mente: por que essa escolha, assim, tão urgente? Não é mais como antigamente, quando a gente ficava de prontidão, a espera da lentidão eclesiástica que, depois de alimentar a tradição fantástica, vinha com a esperada novidade, para a geral felicidade: Habemus Papa !

De rígido guardião da Inquisição a santo protetor da Salvação, Bento 16 é, talvez, a pura fé em contradição: antes, um fechado Inquisidor, terror dos teóricos da libertação, agora um deslumbrado Papa com o aplauso da multidão. Galileu e Leonardo, passado e apogeu: pra eles Cardeal Ratzinger não morreu; só o Papa nele nasceu.

A Igreja de Roma, há muito, não soma, ou seja: perde fiéis e inverte os papéis da multiplicação, e expõe os viéis da divisão do tamanho do rebanho da salvação. A concorrência avança e, com devoção e esperança, alcança o impensável: uma rentável multidão dos “sem religião”, ávida por uma nova pregação.

Os protestantes que antes não eram ameaça, agora são; e os católicos, apostólicos, tentam, em vão, reconquistar o perdido cristão, só que com o mesmo velho e surrado sermão: irmão, a igreja habita em você! Então, por que essa babilônica instalação, e não uma canônica pobre, mas nobre na sua missão? Pergunta o coitado pagão, sob luz de vela no rancho a beira-chão.

Mesmo sendo a católica maior nação, o Brasil pra santificação não tem vocação, ou lhe falta devoção. Frei Bruno, agora, é uma opção, e já tem até estátua para aguardar a canonização. Ele era um santo e tanto, e tem crentes por todos os cantos, em diversas localidades, já que, segundo dizem, Frei Bruno dominava a bicorporeidade, estando em lugares diferentes, simultaneamente. Mas, voltando à realidade: Quinhentos anos a espera de um santo; é um espanto. Imagina, então, se o catolicismo aqui não fosse tanto? Mas, tem nada, não. No returno do milênio deve surgir um novo Frei Galvão, que pode ser Bruno. Até lá, então !

Nenhum comentário:

Postar um comentário